Os portugueses reelegeram no domingo nas legislativas a coalizão de direita, mas o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, se encontra na corda bamba ao ter que negociar com uma oposição hostil a sua política de austeridade.
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Os eleitores “apostaram pela segurança, mas correm o risco de estar com um governo de duração limitada”, resume nesta segunda-feira o Diário Econômico.
A aliança governamental conseguiu a proeza de vencer as eleições depois de passar quatro anos sob o rigor orçamentário, com 38,6% de votos, contra 32,4% para o Partido Socialista (PS), que continua sendo a principal formação da oposição.
Este resultado ficou, no entanto, muito abaixo dos 50,4% obtidos pela direita em 2011 fez o governo perder a maioria absoluta em um Parlamento que se volta à esquerda.
Na noite de domingo, Passos Coelho se declarou disposto a formar um novo governo, mas reconheceu que a nova constituição do Parlamento exigirá “mais esforços de todos”.
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Estendeu a mão ao PS e disse estar disposto a negociar “os acordos indispensáveis para aplicar reformas importantes”.
O chefe de Governo em fim de mandato também destacou que o PS compartilhou até agora seu “apego à União Europeia e à moeda única” e que sua “tarefa mais urgente” é adotar um orçamento para 2015 “que garanta o controle das contas públicas e a redução da dívida”.
Sem maioria de bloqueio
O líder do PS, Antonio Costa, depois de ter ameaçado durante a campanha não votar a posse de um eventual governo de direita, se mostrou mais conciliador após as eleições.
“O PS não contribuirá para uma maioria de bloqueio se não estiver em condições de propor uma alternativa confiável de governo”, indicou Costa na noite de domingo.
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O Bloco de Esquerda, formação similar ao Syriza, que governa a Grécia, obteve o melhor resultado de sua história com 10,2% de votos e 19 assentos, comparado com os 8 anteriores.
Supera, assim, o Partido Comunista, que aliado aos Verdes obtém 8,3% dos votos, o que constitui, no entanto, seu melhor resultado em 15 anos.
O socialista Costa, de 54 anos, prometeu “virar a página da austeridade”, mas respeitando as regras europeias e sem questionar os compromissos de Portugal com seus credores.
Eleito em junho de 2011, Pedro Passos Coelho, de 51 anos, centrista liberal, tomou as rédeas de um país à beira do default.
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Seu antecessor, o socialista José Socrates, acabara de pedir uma ajuda de 78 bilhões de euros à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Portugal saiu deste programa em maio de 2014 e voltou aos mercados internacionais.
“Os próximos meses se anunciam particularmente complicados para o governo, que terá mais dificuldade para manter o ritmo das reformas”, adverte Jesus Castillo, economista do banco Natixis.
“Os próximos dias serão instáveis e não é possível descartar nenhum tipo de cenário”, se inquieta o jornal Público, que não exclui que o socialista Costa tente posteriormente formar um governo com o apoio da esquerda radical.
* AFP