Começam a pipocar no meio policial alguns questionamentos internos decorrentes da ação da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) no tiroteio com assaltantes de banco em São João Batista sem a participação da Polícia Militar, no último sábado. Ao mesmo tempo, o papel da Secretaria de Segurança Pública, que ainda não se pronunciou nem esclareceu pontos em dúvida ou sobre ações futuras.

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A equipe da Deic comandada pelo delegado Anselmo Cruz, especializada em prender quadrilhas e sequestradores perigosos, tem grande respaldo por técnicas, conhecimentos e trabalhos prestados. O que está se discutindo internamente por alguns policiais civis, ouvidos evidentemente no anonimato, é que a operacionalidade poderia ter sido aprofundada.

Algumas perguntas que estão sendo feitas: se a quadrilha era tão armada, violenta e perigosa, não seria o caso de levar grande reforço para enfrentar o bando ao invés de unicamente a equipe da divisão de Roubos e Antissequestro da Deic formada por no máximo 14 policiais? Além do delegado, um agente também foi ferido e o líder dos assaltantes conseguiu fugir.

Se havia o receio de comunicar a Polícia Militar por risco de vazamento ou desentrosamento, não teria como acionar equipes de outras divisões da própria Deic ou da Polícia Civil acostumadas com operações de risco como a Delegacia de Roubos da Capital, Homicídios ou Combate às Drogas? Não seria o caso de intensificar linhas de investigação para antecipar as prisões e diminuir os casos de confrontos, fazendo capturas em rodovias ou casas?

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A onda de violência imposta no interior por quadrilhas de ladrões de banco era de conhecimento público das autoridades estaduais. Há quem entenda que a confusão poderia ter sido evitada se houvesse uma força-tarefa com representantes das duas polícias para investigar e prender os criminosos, o que já aconteceu no passado.

A PM também tem equipes altamente preparadas como o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Mas há reivindicações ainda de que o compartilhamento seja em duas vias, ou seja, que a PM também divida com a Civil previamente as operações, por exemplo, ao cumprir mandados de buscas em áreas conflagradas da Capital como vem acontecendo.

Também há de se registrar que mesmo internamente na corporação militar surgiram desaprovações ao gesto do tenente Paulo Renato Farias de ir na Deic à paisana e bermuda tentar participar da entrevista coletiva. Farias acabou preso ao discutir com policiais civis e foi liberado ao pagar fiança estabelecida pelo Judiciário. Diante dos ânimos exaltados, o que mais se deseja é a união, integração, sintonia e um firme combate à criminalidade.

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