Há lados distintos bem visíveis no sistema prisional catarinense. Tem aquele em que houve avanço, os presos trabalham em oficinas, se ocupam com atividades profissionais, possuem rotina e são acompanhados no trabalho carcerário. E tem a parte preocupante, que não ressocializa ninguém, onde detentos ficam à mercê da desocupação, planejando e tramando crimes, com mortes nas barbas do Estado, geralmente turbinados com a presença e disputas entre facções do crime organizado.

Continua depois da publicidade

Estruturalmente, a realidade também está bem clara: há penitenciárias até certo ponto consideradas modelo, como a industrial de Joinville, a Canhanduba em Itajaí, a Sul de Criciúma e a de Curitibanos. Mas também temos algumas bastante críticas, superlotadas, com péssimas condições de acomodação, higiene e atendimento básico, por exemplo, os presídios de Joinville e Blumenau.

Sem contar aquelas cadeias com fugas e suspeitas de “regalias”. É o que vem sendo denunciado no presídio de Biguaçu, em que um patrão de cocaína recentemente conseguiu a liberdade ao ser levado para um atendimento no posto de saúde.

Temos também um complexo prisional com mais de dois mil presos em uma área residencial de Florianópolis, na Agronômica. Um local considerado bomba-relógio, velho, com parte dos presos em celas contêineres, sem segurança adequada e um quadro de servidores em regime de tensão permanente com a possibilidade concreta de rebeliões.

Aliás, a tese de que não há construção de nova unidade prisional na Grande Florianópolis diante da recusa das prefeituras não pode mais servir como justificativa. Deveria ser motivo de vergonha à sociedade esta falta de entendimento dos gestores municipais e estaduais. A questão é: ou se dá prioridade ao assunto, trazendo dignidade, ressocialização, respeito e segurança, ou se passa os dias na ideia de que ninguém perceba o lado obscuro e ruim do ser humano.

Continua depois da publicidade

Leia também:

A cada 10 cadeias de SC, seis são avaliadas como insatisfatórias