Diogo Vargas: “O absurdo da fraude pela carteira de motorista”

A falta de conscientização sobre o grau de responsabilidade exigido para sair ao volante no tão imprudente e fatal trânsito ainda beira ao absurdo. Basta ver a recente descoberta da Polícia Civil de Santa Catarina esta semana: pessoas dos três Estados do Sul que não conseguiam a carteira de motorista pelos modos corretos e legais compravam o documento mediante fraude no litoral catarinense.

Havia um esquema de cooptação de interessados em distantes cidades gaúchas como Uruguaiana, a mil quilômetros, além de paranaenses, para obter a documentação de forma desonesta em Balneário Camboriú. Para isso, eram forjados endereços residenciais no litoral catarinense, em muitos casos os mesmos para vários candidatos, entre outras irregularidades.

As principais delas são nas provas práticas, ou seja, aquelas em que o futuro motorista deve obrigatoriamente demonstrar que realmente está apto a dirigir. Mas muitos simplesmente não faziam e recebiam a aprovação, conforme apurou a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) em conjunto com o Detran.

A burla abrange a auto-escola que não ministra as aulas, o motorista irresponsável e agentes públicos corruptos, como suspeita a gerente de habilitação do Detran, Cláudia Regina Bernardi da Silva. Um verdadeiro perigo com consequências diretas nas vias e para as vidas de quem dirige, alerta e lamenta o diretor da Deic, Adriano Bini, apontando que havia até mesmo analfabetos entre os investigados. Ao todo, nove pessoas já foram presas na apuração de elogiável prioridade e que não se encerrou.

Para evitar falcatruas, o Estado investe em tecnologia na fiscalização. Há biometria desde 2009 e vídeo nas provas teóricas, mecanismos que devem ser implantados em aulas e testes práticos a partir de 2018 – ainda dependem de autorização do secretário de Segurança César Grubba. Recursos estes que poderiam ser usados em prevenção, campanhas contra acidentes de trânsito e melhorias das estradas não fosse a deplorável corrida pelo jeitinho fora da lei.

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