Mais uma vez a população catarinense é surpreendida com a notícia de um município que rejeita a construção de uma unidade prisional. Desta vez, Tijucas é quem veta a obra primordial para amenizar os problemas de superlotação da Grande Florianópolis, o déficit de vagas no Estado, as interdições, fugas e uma real ameaça à segurança pública.
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Não concretizaram um acordo político antes de projetar a cadeia? Não foram oferecidas compensações em áreas como habitação, saúde e infraestrutura a fim de viabilizar a iniciativa e liberar as licenças municipais?
As respostas cabem ao Estado e não eximem a falta de bom senso da administração municipal. Esse episódio de agora só revela o quanto municípios e o governo do Estado não se entendem politicamente. Ironicamente, o prefeito de Tijucas, Elói Mariano da Rocha, é do mesmo partido que o governador Raimundo Colombo, o PSD.
E aí fica a pergunta: será que Colombo e o próprio partido não conseguiram convencê-lo da importância da unidade prisional de 628 vagas de R$ 48 milhões? Vale lembrar que São José, outra cidade que rejeita a construção de uma cadeia, também é administrada por uma prefeita do mesmo partido que o governador, Adeliana Dal Pont, do PSD.
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A judicialização não pode ser o cômodo caminho. O exemplo de Imaruí, no Sul, a primeira cidade que encabeçou iniciativa popular de ser contrária a um presídio, mostra que esse tipo de ação se arrasta por anos e só traz mais gastos aos cofres públicos e desgastes.
Diálogos, propostas políticas, termos de compensações devidamente amparadas previamente com a sociedade e o Ministério Público deveriam estar em primeiro plano. As recusas do poder público municipal também indicam uma outra triste realidade, a de quanto a população está assustada e temerosa com o avanço da criminalidade.
Em Tijucas, não é diferente. Com 36,1 mil habitantes, a proximidade com a BR-101 e o litoral, ela fatalmente registrou temores com a presença de bandidos nos últimos anos. Houve investigações sobre a presença de crime organizado na região, depósitos de traficantes de drogas e lugares que serviam de esconderijos para foragidos da Justiça armados, entre outros pesadelos motivos de intensa preocupação a policiais, promotores e juízes.
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