O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Henrique Hemm, costuma publicar em sua rede social notícias da tropa, prisões, apreensões, operações e ações que valorizam o trabalho da corporação. Algumas delas chegam a ter expressões policialescas, embora retratem de fato a dura realidade das ruas no combate ao crime cada vez mais um temor da sociedade catarinense.

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No dia 17 de novembro, uma postagem de Hemm chamou a atenção pela importância do envolvimento de policiais e a comunidade. Um adolescente fez uma pintura artística colorida na fachada da base operacional da PM na Barra da Lagoa. Contou com a ajuda dos pais, colegas e moradores.

A iniciativa saiu após um acordo judicial. Ao final, o comandante enalteceu o espírito de fortalecer e estreitar vínculos na relação comunitária com a polícia. Pois Hemm tocou num tema dado como fundamental nos bastidores para reverter o panorama preocupante de embate e aumento da letalidade policial no Estado: a filosofia de polícia comunitária.

Hoje em dia, a comunidade vê mais postos da PM fechados, raramente policiais circulando a pé ou presentes em calçadas, esquinas e comércios de bairros. Em áreas conflagradas, onde facções recrutam jovens e adolescentes e impõem terror aos moradores, a presença estatal é ainda mais rara.

Ao invés da prevenção, esses lugares são alvo de repressão policial, o que também se faz necessário diante do crime organizado, traficantes armados, violentos, e série de crimes. Só que neste quadro, consequentemente, surgem confrontos, trocas de tiros, mortes e, às vezes, resultados traumáticos.

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Não há como discutir melhorias na segurança pública de Santa Catarina sem admitir que as polícias em seu cotidiano estão mais longe dessas áreas periféricas. A sensação é que o chamado policiamento comunitário deixou de ser prioridade. Sobre a questão dos postos fechados, oficiais afirmam que seria estratégia para evitar que policiais fiquem fixos na base e uma forma de mantê-los rodando e dando agilidade com o policiamento nas viaturas.

Aproximar a polícia da população, ter um plano de ocupação e levar o poder público em geral aos lugares vulneráveis são reações que o Estado, as prefeituras e a sociedade deveriam dar preferência. Que tal ampliar a atitude da Barra da Lagoa para outros tantos postos policiais ou até mesmo áreas públicas pelo Estado?

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No dia 13 de dezembro, Santa Catarina terá um reforço histórico no efetivo com a formatura de 927 policiais militares. Será um marco na PM, a chance da distribuição retomar a disposição comunitária no velho e bom arroz e feijão, que é o policiamento mais próximo do cidadão.

Como diz o coronel Nazareno Marcineiro, ex-comandante-geral da PM, estudioso e referência nacional com publicações a respeito, em defesa de uma polícia de interação, proximidade e assim mais pró-ativa do que reativa.

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