O samba se renova. É como bossa nova ou jazz: não importa quanto o tempo passe, é música que nunca sai de moda. Diogo Nogueira, 36 anos, é de uma nova geração que honra essa tradição. No show Alma Brasileira, que ocorreu no sábado no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, em Florianópolis, o cantor homenageou grandes sambistas do passado, inclusive o pai, João Nogueira (1941 – 2000), e outros gigantes da MPB.
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O repertório foi baseado no DVD homônimo gravado no ano passado, um misto de sambas sincopados e pagodes românticos que fizeram até o mais tímido espectador sacudir os ombros e mexer os pés. Quem não resistiu ao ziriguidum, levantou das poltronas da plateia praticamente lotada do teatro para dançar nos corredores.
Além da voz de Diogo, grave e mais afinada que nunca, os músicos que o acompanharam fizeram um show à parte. Mostraram que samba é, também, puro virtuosismo. Nove instrumentistas de altíssimo nível — três na percussão, um na bateria, sopro, violão, cavaco, baixo e teclados — promoveram um carnaval no palco.
Diogo cantou samba com respeito. De terno azul bem passado e lenço no pescoço, mostrou estima ao gênero que, segundo ele mesmo disse, corre em seu sangue. Foi do pagode romântico Pé na Areia até o sambinha Flor de Lis, de Djavan, passando por Firme e forte, de Efson e Nei Lopes e imortalizado por Beth Carvalho, e Caciqueando, esses dois últimos sambas carnavalescos dos anos 1980.
Ele também fez versões em ritmo de pagode de Travessia, de Milton Nascimento, Codinome Beija flor, de Cazuza, entre outras, que embora um tanto blasé, foram bem executadas. A canção Sangrando, de Gonzaguinha, também saiu em ritmo de pagode. Diogo soltou o gogó e mostrou todo o potencial vocal. Arrepiou.
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Quase já na hora de se despedir, cantou Tim tim por tim tim, canção que está fazendo sucesso na novela A Força do Querer. Ao final, depois de mais de uma hora e quarenta, o show virou uma grande roda de samba, alegre e leve como tem que ser.
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