Um bagre, um camarão ou um pescador com uma rede; poderiam ser vários os símbolos escolhidos pelo ex-prefeito de Tijucas Nilton Fagundes, o Gordo, para serem transformados em estátua e representar a vida dos moradores da região. Entretanto, a figura que, de tão non sense, ganhou carinho na região é nada menos que um simpático e desengonçado dinossauro de quase quatro metros de altura, barriga branca e dentes não muito afiados.
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O “Tijussauro” – um dos vários nomes pelos quais ficou conhecido o réptil de espécie pouco distinguível – pode não ser famoso como o dinossauro Barney ou assustador como os velociraptors de “Jurassic Park”, mas é importante o bastante para aparecer na lista de atrações turísticas do site da prefeitura de Tijucas e mudar, ainda que informalmente, o nome da praça Henrique Ternes para “praça do Dino”.
“A criançada está cansada de ver peixe”
No meio da década de 1980, Gordo era o prefeito da cidade e procurava ideias para dar uma renovada no Cais do Rio Tijucas. Hoje aposentado, ele conta que circulava por Santo Amaro da Imperatriz quando se deparou com a estátua de um dinossauro meio abandonada, mas ainda um tanto amigável. Imediatamente procurou saber quem era o autor e foi aí que conheceu Valmir Schwinden, criador de outras peças famosas no Estado como o dinossauro do Aririú, em Palhoça, e o policial que engana os motoristas apressados no posto da Polícia Rodoviária Estadual na BR-470, em Gaspar.
O projeto na época era bem diferente, mas nunca conseguiu sair do papel por completo. Junto ao dinossauro seriam erguidos mais nove animais nos outros canteiros da praça, mas a reação à pobre criatura foi tão forte que o ex-prefeito não conseguiu apoio para tocar a empreitada.
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Ex-prefeito lamenta não ter bancado os outro nove bichos na praça Henrique Ternes.
Foto: Daniel Conzi/Agência RBS
– A intenção era trazer um bicho de cada espécie: um elefante, uma girafa, e é claro, um dinossauro. Aí reclamaram que não tinha nada a ver com a cidade, que devia ser algo como um peixe. Mas a criançada está cansada de peixe, elas querem algo mais divertido. E um dinossauro é muito mais divertido! – justifica o ex-prefeito.
Com um esqueleto de ferro e uma cobertura de concreto, o Tijussauro é “quase indestrutível”, como diz Gordo. Hoje o ex-prefeito lamenta não ter bancado os outro nove bichos.
– Eu era um prefeito novo, queria agito na praça e o plano era fazer mais nove bichos de concreto. Mas aí vieram as críticas e acabou ficando só uma estátua. Eu devia ter tido coragem e peitado as críticas. Hoje a praça ia ser o máximo – lamenta Gordo
Fama continua crescendo
Depois de 27 anos de pé, a simpatia do Tijussauro conquistou as desavenças e ele é repintado anualmente, além de ganhar fantasias em épocas comemorativas – no Natal uma roupa de Papai Noel, no Carnaval uma de Rei Momo, e assim por diante.
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“Devia ter peitado as críticas, hoje a praça seria o máximo”, lamenta Gordo.
Foto: Daniel Conzi/Agência RBS
Em 2011, quando um grupo se propôs a eleger as sete maravilhas do mundo mané, o dino de Tijucas só ficou de fora porque o seu colega pré-histórico de Santo Amaro já aparecia na lista.
Nas redes sociais, o réptil gigante também faz sucesso. O perfil do Facebook “Dino Tijucas”, criado por um admirador anônimo, manda um abraço para seu semelhante em Castro (PR), que mantém apenas a cabeça pra fora da água depois de uma enchente em junho deste ano: “Minha situação é ótima perto da deste meu amiguinho do Paraná, que além de sozinho, está com água até o fim do pescoço. Wraurarurrrrrrrr”, diz a mensagem de apoio.