Chega a ser intrigante a forma como o black metal, inicialmente minimalista e inacessível, passou a agregar tantos elementos para atingir o mainstream lá pela segunda metade dos anos 1990. Nesta linha, o norueguês Dimmu Borgir e o inglês Cradle Of Filth foram os nomes de maior sucesso comercial no que se convencionou chamar de black metal sinfônico.
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Tendo surgido em 1993, o Dimmu Borgir é um veterano que, se teve o mérito em emplacar alguns clássicos entre seus nove álbuns de estúdio, também foi perdendo a conexão com a cena black metal enquanto conquistava sucesso pelos quatro cantos do mundo. Perdeu alguns fãs e ganhou muitos outros… Questão de escolhas.
O último álbum de estúdio, Abrahadabra, é de 2010 e considerado por muitos como o trabalho mais fraco – e nem vou entrar no mérito da extravagância do guarda-roupa adotado pela banda na ocasião. E é mais ou menos neste ponto que começa a história que deu origem ao primeiro disco ao vivo, Forces Of The Northern Night.
A apresentação ocorreu no Oslo Spektrum em 28 de maio de 2011 e, como a ideia era lançar algo em comemoração ao vindouro aniversário de 20 anos, o Dimmu Borgir resolveu fazer a coisa em grande estilo e contou com a participação da Norwegian Radio Orchestra e Choir, equipe que já havia participado do mencionado Abrahadabra. O show foi filmado profissionalmente e transmitido como parte de um documentário em junho de 2011 pela NRK (Norwegian Broadcasting Corporation), a maior organização estatal de mídia na Noruega. Não dá para negar o quanto uma orquestra e coro acrescenta a uma apresentação ao vivo. É um impacto e tanto, mas…
A frustração maior em Forces Of The Northern Night é a escolha das canções, que se baseia principalmente no repertório do famigerado Abrahadabra, que já era devidamente orquestrado. A falta de ousadia em não reinterpretar as canções dos primórdios é incompreensível, sensação de desconforto que só aumenta quando percebemos tantas músicas com somente a presença de orquestrações (talvez aí o Dimmu estivesse indo trocar as indumentárias brancas…?).
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Independentemente do desequilíbrio do setlist, a magnitude do projeto é impressionante, com orquestra, coro, convidados e a própria banda se complementando perfeitamente. São quase 100 músicos sobre o palco e o resultado, dramático e sinistro, consegue causar alguns arrepios ao longo da audição.
A interação com a plateia não é tão frequente, mas quando acontece é com intensidade. O concerto é épico, mas Forces Of The Northern Night não captura toda a essência do que um dia foi o Dimmu Borgir. O disco é duplo e o registro também saiu por aí no formato DVD e blue ray. Vale conferir e tirar suas próprias conclusões. lml
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Dimmu Borgir: Forces Of The Northern Night
2017 – Nuclear Blast / Shinigami Records – nacional
CD 01
01. Xibir (orchestra)
02. Born Treacherous
03. Gateways
04. Dimmu Borgir (orchestra)
05. Dimmu Borgir
06. Chess With The Abyss
07. Ritualist
08. A Jewel Traced Through Coal
09. Eradication Instincts Defined (orchestra)
CD 02
01. Vredesbyrd
02. Progenies Of The Great Apocalypse
03. The Serpentine Offering
04. Fear And Wonder (orchestra)
05. Kings Of The Carnival Creation
06. Puritania07. Mourning Palace
08. Perfection Or Vanity (orchestra)
*Ben Ami Scopinho está há mais tempo em Floripa do que passou em sua terra natal, São Paulo. Ilustrador e designer no DC, tem como hobby colecionar vinis e CDs de hard rock e heavy metal. E vez ou outra também escreve sobre o assunto.