A presidente Dilma Rousseff emocionou-se no final da manhã desta sexta-feira durante a cerimônia de posse do novo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella (PRB-RJ). Dilma ficou com a voz embargada e chegou a interromper o discurso no momento em que se despedia de Luiz Sérgio (PT-RJ), que deixou a pasta e retorna para a Câmara dos Deputados.

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– Ao longo do caminho, muitas vezes somos obrigados a prescindir de grandes colaboradores. Há uma pessoa nesta cerimônia que merece todas as minhas homenagens e os meus mais calorosos agradecimentos – disse Dilma, que fez uma pausa, emocionada, e foi aplaudida.

– Quero agradecer ao Luiz Sérgio. Obrigado. Você foi e é um amigo, um parceiro, e compreende a natureza de um governo de coalizão, assim como a dedicação que a política muitas vezes acaba nos impor em nome dos interesses do país, você prestou relevantes serviços ao governo durante o governo do presidente Lula, na campanha que nos trouxe ao poder e nos cargos que assumiu no nosso governo – disse a presidente.

A entrada de Crivella na Esplanada dos Ministérios é uma forma de a presidente Dilma Rousseff aproximar-se da bancada evangélica e fortalecer a campanha do pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, que tem sido alvo de religiosos que criticam o kit anti-homofobia preparado durante sua gestão no Ministério da Educação.

Aprender a pescar

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Na cerimônia, o novo ministro disse que aprenderá rápido a colocar a “minhoca no anzol”. Em entrevista à rádio Estadão/ESPN, Crivella admitiu que, apesar de nomeado para o Ministério da Pesca, não sabe colocar uma minhoca no anzol.

– Colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido, pensar nos outros é mais difícil. Muitas vezes, Deus, ele não chama os mais qualificados, não escolhe os mais qualificados, mas sempre Deus qualifica os escolhidos – discursou o novo ministro, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

– Esse é o espírito do nosso governo: pensar nos outros.

Ele se disse “honrado” pelo convite para ser ministro.

– Me senti imensamente grato e honrado (com o convite de Dilma para assumir a pasta), embora confesso que a minha primeira reação tenha sido de surpresa, e o meu primeiro movimento, o de sugerir o nome de um outro próximo do meu partido”, disse Crivella, sem dizer qual foi o nome sugerido.

Em discurso na cerimônia, a presidente Dilma Rousseff fez referência à declaração de Crivella.

– O senador Crivella tem toda razão, a gente aprende a colocar a minhoca no anzol, o que é difícil de aprender é de fato governar para todos os brasileiros. Esse País, afinal de contas, levou alguns séculos para respeitar todos os cidadãos brasileiros, nunca nós podemos esquecer que temos um legado de escravidão e exclusão no nosso País – disse a presidente.

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