Por e-mail, telefone ou pessoalmente – em reuniões ou a bordo do avião presidencial. Não importa o meio. Se for para distribuir broncas ou cobrar resultados, a presidente Dilma Rousseff (PT) sempre dá um jeito de localizar o alvo, fazendo jus a sua fama de durona. Diferentemente do seu antecessor, a petista centraliza decisões, impõe metas à equipe e faz marcação cerrada para que os objetivos sejam cumpridos. Entre aliados, a primeira mulher a chegar à Presidência é vista como exigente, competente e rígida. Para adversários, no entanto, a petista é inflexível, centralizadora e ríspida. Assim, as características da candidata à reeleição podem ser encaradas como virtudes ou defeitos.

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– Dilma sempre foi uma pessoa muito dura, porque tem noção da responsabilidade da função pública. É exigente no cumprimento do dever – diz o ex-prefeito da Capital e ex-governador Alceu Collares, de quem Dilma foi secretária municipal da Fazenda e, depois, secretária estadual de Minas e Energia.

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A fama de “gerentona”, segundo o jornalista Ricardo Batista Amaral, autor da biografia da petista A Vida Quer É Coragem (editora Sextante), vem da época em que ela coordenava o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no governo Lula. Ele relata que a então ministra-chefe da Casa Civil “infernizou a vida de assessores e colegas de ministério”, que estiveram a ponto de deixar o governo. Outro trecho diz: “Lula contava que ministros iam a seu gabinete queixar-se da forma como eram cobrados por Dilma. (…) A fama de durona e irascível se espalhou na Esplanada e chegou à imprensa. Quando repórteres perguntavam sobre o assunto, Dilma costumava se sair com esta: ?Sou uma mulher dura cercada de homens meigos?”.

Ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT) sai em defesa de Dilma e diz que a presidente ouve, sim, a equipe, mas a decisão final é sempre dela. Reuniões com Lula, mentor de sua sucessora, também são comuns, embora o ex-presidente negue desempenhar o papel de conselheiro.

Colega de Dilma no governo Lula, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel diz que ela – a quem define como detalhista e perfeccionista – tem capacidade acurada de identificar se um programa é bom ou não:

– Dilma ajudou a formar uma burocracia estatal muito mais eficiente. Começou a construir isso quando foi para a Casa Civil. Ela implantou um sistema de acompanhamento. Nos programas considerados essenciais, fazia um controle pra lá de rigoroso.

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Nos últimos anos, o primeiro escalão do governo Dilma teve de se acostumar com reuniões nos finais de semana e, inclusive, em feriados, como no de Finados, no ano passado, quando a presidente cobrou a entrega de obras e projetos de 15 ministros. Encontros de longa duração também são comuns. Antes de vetar e alterar trechos do Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados em 2012, Dilma conduziu uma reunião de 24 horas, em um final de semana. Ministros e assessores almoçaram e jantaram no Palácio da Alvorada, e o encontro só foi paralisado no sábado à noite, para descanso, sendo retomado no dia seguinte.

– Discutimos artigo por artigo, ponto por ponto. Ela tem esse método de reunir todos os envolvidos – diz Pepe Vargas, então ministro do Desenvolvimento Agrário.

Para opositores, a fama de Dilma como técnica eficiente, explorada na campanha de 2010, caiu por terra diante do desempenho da economia. Além disso, os próprios aliados também culpam a falta de jogo de cintura para negociar.

– Dilma é uma gerente fake. Na prática, a demonstração é de incompetência e inaptidão para a gestão pública. Tanto é que o setor elétrico está quebrado, a inflação cresce, a economia estagnou e a burocracia deixa qualquer administrador aterrorizado, tamanho o aparelhamento. Tudo não passou de uma peça de marketing da campanha – diz o líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE).

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COMO ELA É

Habilidade técnica

Com uma forma mais técnica de fazer política, tem garantido bons índices de popularidade.

Olhar gerencial

O perfil mais discreto e gerencial da petista é apontado como um de seus pontos mais fortes.

Nível de exigência

Para aliados, o grau de exigência da presidente significa trabalhar com precisão, pois, se um programa vai para a rua, ela quer reduzir ao máximo as chances de algo dar errado.

Tendência centralizadora

O estilo centralizador de Dilma, além de incomodar aliados, pode eventualmente atrasar obras e travar investimentos no país.

Pouca diplomacia

A falta de habilidade da petista para negociar tem sido apontada como a causa das crises na base aliada.

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O perfeccionismo da presidente é encarado por alguns opositores como insegurança que afeta o andamento de projetos.

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