Em mais uma estocada contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira, 30, que a petista não vai fazer o pronunciamento na TV no Dia do Trabalho porque “não tem o que dizer”. Ele também aproveitou a data, comemorada nesta sexta-feira, 1º, para sugerir a criação de um “pacto em defesa do emprego”, que duraria até o País voltar a crescer.

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– Certamente a presidente não vai falar no dia 1º de Maio porque não tem o que dizer. Por isso eu estou propondo um pacto em defesa do emprego. Assim como nós temos meta de inflação, meta de superávit fiscal, nós precisamos ter meta de emprego – disse o peemedebista.

Indagado sobre o fato de o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), ter dito nesta quinta-feira que o Executivo já prepara um pacote para estimular a criação de emprego, Renan afirmou que o governo precisa trabalhar para reagir à crise e voltou a criticar Dilma.

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– O governo tem que sair da paralisia, da falta de iniciativa. Essa coisa da presidente não poder falar no dia 1º de Maio porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula. Ridícula. Isso enfraquece muito o governo – disse.

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Renan começou a sua fala ironizando o fato de Dilma ter decidido, pela primeira vez desde que chegou à Presidência, não se pronunciar na TV por medo de um novo panelaço, como ocorreu em março durante a sua fala em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

– Nós fizemos a democracia no Brasil para deixar as panelas falarem, as panelas precisam se manifestar, vamos ouvir o que as panelas dizem – afirmou.

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Apesar das críticas, o presidente do Senado disse que vai conversar com Dilma sobre o pacto, para que os Poderes Executivo e Legislativo possam atuar juntos na defesa pelo emprego.

Entre as sugestões do peemedebista, estão a desoneração da folha de pagamento e a oferta de mais créditos, via bancos públicos, para empresas que criarem novas vagas de trabalho. Ele também vai propor que o governo priorize, em suas compras, empresas que não estejam fazendo cortes de pessoal.

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Serra

Em mais um sinal do seu distanciamento com o Palácio do Planalto, Renan deve escolher o tucano José Serra (PSDB-SP) para coordenar o trabalho e reunir as propostas que podem ser encaminhas pelo Congresso.

Renan também criticou o ajuste fiscal proposto pela equipe econômica, o qual chamou de “ajuste trabalhista”. Ele voltou a defender que, se o governo precisa economizar, deveria dar o exemplo e “cortar na carne”, começando pela diminuição do número de ministérios.

Temer

Além dos ataques a Dilma, Renan acusou o PT de aparelhar o Estado e criticou a atuação do vice-presidente e correligionário Michel Temer à frente da coordenação política do governo.

– O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH (Recursos Humanos), para distribuir cargos e boquinhas – afirmou.

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Temer foi escalado pela presidente Dilma Rousseff para comandar a distribuição de cargos no segundo escalão para acalmar o PMDB. Nas últimas semanas, o vice tem trabalhado para distribuir entre os membros da base aliada cargos como a presidência de autarquias e a direção de departamentos vinculados a ministérios.

Segundo Renan, Temer deveria trabalhar para melhorar a coalização que dá sustentação ao governo.

– O papel é esse, não o retrocesso que essa distribuição de cargos significa.

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Apesar das críticas, Renan mantinha um aliado à frente do Ministério do Turismo até o último dia 15, quando perdeu o cargo para o PMDB da Câmara. Com Temer à frente da articulação política, o peemedebista também conseguiu emplacar nomes no segundo escalão, como o de Jorge Luiz Macedo Bastos na diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Questionado se ele iria pedir para os seus apadrinhados políticos deixarem os cargos, Renan desconversou. “O que não quero é participar do Executivo. Não vou indicar cargo no Executivo. Esse papel hoje é incompatível com o Senado independente. Prefiro manter a coerência do Senado independente não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo”, afirmou.