Ao lado de seu possível adversário na disputa presidencial de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a presidente Dilma Rousseff mandou seu recado, velado, e tentou ganhar o curral eleitoral do opositor pernambucano. Em jantar recente com empresários paulistanos, Campos cravou: “dá para fazer muito mais”. Nesta segunda-feira, na entrega de um trecho de obra hídrica em Serra Talhada, sertão de Pernambuco, Dilma usou o slogan a seu favor e deu o recado: o governo do PT ainda vai fazer mais:

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– Nós mudamos completa e totalmente o que vinha acontecendo (no País). Nós iremos mudar ainda mais.

Os dois dividiram nesta manhã um palanque pela primeira vez desde que o governador acentuou sua participação na cena política com claras vistas a se apresentar futuramente como presidenciável.

A presidente mencionou a “capacidade de construir democraticamente uma coalizão para dirigir esse País” e avisou: “nenhuma força política sozinha é capaz de dirigir esse País”. No evento foi anunciado o investimento de R$ 2,8 bilhões do governo federal em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Estado, além de outros projetos regionais. Enquanto isso, o governador ressaltou a “importância da democracia, do debate” e do trabalho público sem olhar a “cor partidária”.

A não ser de forma implícita, não se viu, no palco, a tão falada antecipação da disputa de campanha. Dilma e Campos se trataram por companheiros e enalteceram parcerias em comum.

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– Seja bem-vinda, presidenta. Aqui a senhora tem um governador, mas também tem um companheiro, e também tem um amigo de grande jornada. Pernambuco lhe recebe e lhe acolhe com a mesma atenção de sempre – saudou Campos.

A presidente retribuiu a “recepção calorosa”.

A disputa presidencial foi trazida ao palanque pelo ministro da Integração Nacional – peessedebista e pernambucano -, Fernando Bezerra. Ele mencionou um artigo que afirmava que o ministro estaria “entre a cruz e a caldeirinha”.

– Eu queria dizer à vossa excelência, ao nosso governador, que eu não sei se (a colunista que escreveu isso) está certa ou esta errada. É evidente que todos aqui têm legitimidade para debater, discutir, para que o Brasil possa ir ainda mais longe – disse Bezerra

O pernambucano se apegou ao avô, Miguel Arraes, ex-governador do Estado que, de acordo com Campos, iniciou uma série de transformações no sertão, que teriam servido de referência para programas do governo federal. Um exemplo citado foi o trabalho de Arraes para levar energia elétrica ao meio rural, mote do programa lançado em 2005 por Lula, o Luz Para Todos. Diferente do usado pela oposição tucana nas últimas disputas com o PT, o governador preferiu mostrar sua relação com programas federais bem sucedidos do que defender para si mesmo os créditos pelo sucesso.

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Já a presidente Dilma Rousseff invocou Lula para se identificar com a plateia que a recebia.

– Eu olho em cada um de vocês e eu vejo em cada um dos rostos um pernambucano gigante, especial, que deu para o Brasil uma grande contribuição que é o companheiro brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – disse a presidente, antes de enaltecer todos os feitos de seu antecessor, principalmente na região Nordeste.

O tom harmonioso do encontro não impediu, no entanto, que a presidente desse mais uma mensagem. Se referia à seca, mas poderia ter dito numa campanha eleitoral:

– Nós não iremos perder as conquistas que tivemos nesses 10 anos.