A presidente Dilma Rousseff embarcou, na manhã desta quinta-feira, para Nova York. Na cidade norte-americana, Dilma aproveitará a cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, elaborado em 2015, para discursar contra o “golpe” que, segundo ela, está em curso no Brasil. No período em que ela estiver nos Estados Unidos, o vice-presidente Michel Temer assumirá o cargo como presidente em exercício.

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A informação de interlocutores do governo é de que a petista foi convencida a fazer a viagem como estratégia de defesa para evitar o impeachment. De acordo com análises internas do Palácio do Planalto, Dilma não tem outra alternativa, porque a admissibilidade do processo no Senado é dada como praticamente certa. A saída seria criar uma pressão internacional contra o impeachment e angariar apoio popular.

A aposta é de que movimentos sociais voltem a organizar grandes manifestações contra o processo de afastamento, e que, com o tempo, a sociedade perceba que o vice-presidente não teria apoio para assumir o poder. O ministro-chefe do Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, garantiu que Dilma falará sobre o momento político brasileiro em Nova York.

— Ela não poderá deixar de manifestar sua indignação com o golpe que se está se construindo no Brasil, cujo processo em curso é artificial e falso, porque Dilma é uma mulher honesta, que não cometeu nenhum crime. E o que está havendo no país é o mau uso do impeachment — avaliou.

Temer, que tem sido criticado e chamado de “traidor” por Dilma, não pretende ir para Brasília. A ideia do peemedebista é permanecer em São Paulo, sem agendas externas, com um comportamento totalmente discreto. A petista só retornará ao Brasil na madrugada de sábado para domingo.

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Segundo O Estado de S. Paulo, o vice-presidente reuniu seus principais aliados para preparar um plano de reação à repercussão internacional sobre a acusação do PT de golpe. O grupo de Temer teme que Dilma conquiste mais apoio na comunidade internacional.

Os aliados escolheram o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente interino do partido, como o porta-voz para responder às críticas. Quando procurado por jornalistas estrangeiros, ele insistirá no argumento de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negam irregularidade no processo.

– Semana que vem darei coletiva para os correspondentes internacionais em Brasília para esclarecer o que está sendo feito pelo Congresso, de acordo com o STF (Supremo Tribunal Federal) e cumprindo a Constituição brasileira – disse Jucá, conforme o jornal.

Na manhã desta quinta-feira, manifestantes do movimento Levante Popular da Juventude realizaram um ato em frente à residência de Temer, no Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

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Com cartazes com imagens do peemedebista, instrumentos musicais, coreografias e gritos de “Não vai ter golpe”, o grupo protestou entre 8h e 9h. Os manifestantes deixaram o local em um ônibus.

*Zero Hora com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo