Parecia de propósito: não bastasse a sombra de um escândalo de espionagem pairando sobre Barack Obama às vésperas do G-20, o americano precisou sentar-se ao lado de uma furiosa Dilma Rousseff na abertura da cúpula.
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O embaraço causado pelo arranjo de assentos, no entanto, não foi obstáculo para um diálogo posterior. Entre a reunião de trabalho e um jantar oferecido aos líderes em São Petersburgo (ao qual tanto Dilma quanto Obama chegaram 20 minutos atrasados), os dois presidentes se encontraram para uma conversa. Tanto a Casa Branca quanto o Palácio do Planalto confirmaram o encontro, mas não deram mais detalhes.
Depois da revelação de um esquema de espionagem direta da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana aos chefes de Estado de México e Brasil, Dilma cobrou explicações formais “por escrito” sobre o episódio e cancelou a viagem de uma comitiva que organizaria sua ida a Washington no final de outubro. Seria a única visita de Estado do ano na capital, com direito a um jantar simbólico que, do ponto de vista diplomático, consolidaria a influência crescente do Brasil no cenário internacional.
Antes do encontro dos presidentes, o vice-assessor de segurança nacional para Comunicações Estratégicas dos EUA, Ben Rhodes, afirmou que era provável que Obama falasse pessoalmente com Dilma sobre o desentendimento. Rhodes também reconheceu a importância dada pelo governo brasileiro a uma reunião com Obama para tratar das denúncias de espionagem.
– Entendemos quanto isso é importante para os brasileiros. Estamos concentrados em garantir que os brasileiros entendam exatamente qual a natureza do nosso esforço de inteligência. Então, temos o objetivo de resolver essas coisas em uma base bilateral.
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Não foram apenas Brasil e México que expressaram temor quanto ao monitoramento de comunicações eletrônicas revelado pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, fugitivo dos EUA, agora asilado provisoriamente por Vladimir Putin. Sem citar nomes, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que os líderes de Rússia, Índia e China reagiram de maneira “severamente negativa” às recentes revelações sobre vigilância eletrônica:
– A liberdade na internet não deve se tornar, de forma alguma, uma ameaça à segurança dos governos. Tais episódios de espionagem eletrônica e de interferência em assuntos internos foram consideradas comparáveis a atos de terrorismo.