A presidente Dilma Rousseff não cogita reduzir o número de ministérios. Na sua avaliação, essa medida não reduz custos. O corte na Esplanada tem sido defendida por aliados de peso, como o PMDB. Em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo neste domingo, a presidente defendeu a atual estrutura:

Continua depois da publicidade

– As medidas de redução de custeio, nós tomamos. Todas. E sabe o que acontece? Vão querer cortar os de Direitos Humanos, Igualdade Racial, Política para as Mulheres. São pastas sem a máquina de outros. Mas são fundamentais. Política de cotas, por exemplo: só fizemos porque tem gente que fica ali, ó, exigindo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, cuja saída do ministério é cogitada há algumas semanas, teve sua permanência garantida pela presidente. Com um forte discurso de defesa da política econômica do governo, afirmou que sua equipe tomou todas as medidas para a “redução de custeio” e, ao falar de inflação, criticou o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB):

– Cumpriremos a meta de inflação pelo décimo ano consecutivo. Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta? Em três dos quatro anos dele (em que a meta vigorou).

Para Dilma, a inflação está “cadente” e o desemprego, sob controle. A presidente disse ainda que é “tolice meridiana falar que o país não cresce puxado pelo consumo”, mas concordou que é preciso investir mais.

Continua depois da publicidade

Dilma também disse que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, “não vai voltar porque não saiu” da vida pública e que os dois são “indissociáveis”:

– Esse tipo de coisa não gruda, não cola. Falar em ‘volta, Lula’ e tal… eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi.

A presidente afirmou, ainda, que tentativas de usar o ex-presidente como crítica a seu estilo não a incomodam “nem um pouquinho”. Desde que pesquisas começaram a registrar queda de popularidade do governo, após as manifestações de rua de junho, ressurgiram no PT defensores de que Lula volte a disputar a Presidência.

Questionada sobre o resultado dos últimos levantamentos de intenção de voto e avaliações do governo, a presidente desconversou e disse saber “perfeitamente que tudo o que sobe, desce, e tudo o que desce, sobe”.

Continua depois da publicidade

Sobre os protestos, disse que não ficou assustada e que houve uma reação emocional rápida das pessoas à violência policial. A presidente voltou a defender a necessidade de uma reforma política e que esse tema seja discutido em um plebiscito, já que reconhece a dificuldade de o atual Congresso levar o tema adiante:

– A consulta popular era a baliza que daria legitimidade à reforma.