A presidente Dilma Rousseff criticou o que chamou de “insensatez política” por parte dos governos dos Estados Unidos e da União Europeia no enfrentamento da crise financeira internacional. Em um discurso de otimismo em relação à situação econômica do país em 2012, a presidente reconheceu que o ano de 2011 não foi fácil, mas ressaltou que o Brasil, comparativamente a outros países, se saiu melhor.
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Dilma reiterou ainda que o Brasil não precisa mais se submeter às regras do Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o país não sofre de um problema sistêmico de desregulamentação financeira, considerada “absurda” por ela, e não perdeu a capacidade de agir sobre sua economia, como ocorre em alguns países.
– Não só estamos encerrando o ano com estabilidade e crescimento, mas, sobretudo, com a visão de que 2012 será necessariamente melhor que os anos anteriores, o que não é pouca coisa, diante da crise e da insensatez política que vivenciamos ao longo deste ano tanto dos Estados Unidos como da Europa – afirmou, durante a cerimônia de premiação “Os Brasileiros do Ano”, promovido pela Editora Três, na noite de terça-feira, em que recebeu o prêmio de “Brasileira do Ano”.
– Eu sei que 2011 não foi um ano fácil, para o mundo principalmente, mas, em relação ao mundo, foi um ano bem melhor para o Brasil – acrescentou.
Dilma disse que os países desenvolvidos passam hoje por uma crise de confiança que se traduz em recessão, instabilidade e, sobretudo, em taxas de desemprego “assustadoras”, que seriam o “grande mal”, na avaliação dela. A presidente admitiu que o Brasil não está imune à crise, mas se preparou, ao longo dos últimos 20 anos de estagnação, para enfrentá-la da melhor forma possível.
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– O Brasil tecnicamente não está imune, mas construiu e conquistou condições para transformar esse momento de crise não só em um momento de reagir, mas de construir oportunidades – afirmou.
– Não que nós vamos considerar que quanto pior o mundo, melhor para nós. Não se trata disso, pelo contrário. Sabemos que temos relação estreita com todo o mundo.
Dilma citou os fundamentos econômicos, tais como as reservas, o aumento das exportações, as taxas de juros em queda e o controle da inflação como conquistas que tornaram o país resiliente aos efeitos da crise externa.
– Sabemos que nossa situação hoje é muito diferente de muitos países do mundo ainda submetidos às regras do FMI, a uma desregulamentação financeira absurda e, sobretudo, à perda de capacidade de seus Estados agirem sobre suas sociedades e economias – declarou.
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A presidente também deu um recado aos analistas que previam um ano difícil em 2011 e projetam, para 2012, condições “diferentes” em relação aos impactos da crise no país.
– Muitas pessoas podem esperar que teremos necessariamente uma situação em 2012 diferente de 2011. Essas pessoas que esperam isso estão certas, até porque, eu queria dizer a vocês, nós aprendemos que a melhor ferramenta que a sociedade pode contar para estimular o desenvolvimento econômico e social é a parceria entre o setor público e a sociedade, as empresas privadas os e trabalhadores – afirmou.
– Aqueles que previam no início do ano uma crise cambial e disseram que nós teríamos graves problemas diante do encolhimento do mercado internacional não foram corretos em suas previsões.
Na avaliação de Dilma, o ano de 2011 foi bem sucedido porque o país soube administrar as ameaças e dificuldades que atingem grande parte das economias do mundo.
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– Percebemos de forma um pouco anterior a muitos outros que haveria uma situação muito grave na Europa, situação que até agora não foi solucionada. E por isso tomamos várias medidas em tempo hábil em proteção à indústria, economia, setor agrícola e serviços.
Dilma voltou a defender que o enfrentamento da crise não se dá por meio de medidas restritivas, mas sim por estímulo à produção e ao consumo.
– Sabemos que combater crise com recessão não dá certo. Causa perda de riqueza, desemprego e geralmente não resolve coisa nenhuma. Pelo contrário, cria uma espiral descendente, menor crescimento gera mais crise e menor crescimento. Para nós crescermos e distribuirmos renda, o caminho é o da prosperidade, e foi esse caminho que escolhemos desde o governo do presidente Lula. Não tenham dúvida. Começamos no ano de 2011 uma era de prosperidade para esse país e os brasileiros – finalizou.