A presidente Dilma Rousseff discursou, na tarde desta quarta-feira, em Brasília, na abertura da 12ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, onde voltou a rechaçar o processo de impeachment e a criticar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A chefe do Executivo afirmou que irá “lutar até o fim para garantir a democracia”.
Continua depois da publicidade
— Esse não é um processo de impeachment, é um processo de eleição indireta daqueles que não têm voto — considerou.
Leia mais
Dilma admite a aliados que afastamento é “inevitável”
Continua depois da publicidade
Petistas traçam plano para deixar Temer “à míngua”
Renan questiona Aécio sobre pretensões do PSDB
Em seguida, Dilma chamou Cunha de “pecado original” do processo de afastamento, ao explicar o que, para ela, são as reais intenções do seu inimigo político ao dar seguimento ao impeachment:
— Vocês sabem que esse processo tem um pecado original, que é o presidente da Câmara. Ele queria fazer um jogo com o governo: votem para impedir que eu seja julgado no Conselho de Ética, tirem os votos que o governo tem, e aí eu não entro no processo de impeachment. Nós nos recusamos — comentou Dilma.
Dilma diz que “impeachment é golpe com as mãos nuas”
— Eu não tenho conta no Exterior. Jamais usei dinheiro público para me beneficiar. Não tenho acusação de corrupção e, por isso, arranjaram uma acusação. Me acusam de ter práticas contábeis incorretas.
Continua depois da publicidade
A presidente também chamou de “meia verdade” o crime de improbidade administrativa, que norteia o seu processo de afastamento.
— Você faz uma meia verdade para encobrir a sua mentira. O impeachment está previsto na Constituição, só que não pode ter impeachment sem crime. Quando faz impeachment sem base legal, você está praticando um golpe.
Neste caso, o golpe, segundo as palavras da presidente, não está sendo imposto por “armas na mão” nem por “tanques” de guerra.
Continua depois da publicidade
— Tem um novo tipo de golpe que se faz com as mãos nuas, rasgando a Constituição. Esse é um golpe contra a democracia.
Além de ministros de Estado e deputados federais do PT, esteve presente na abertura da conferência a ex-ministra Ideli Salvatti, que hoje trabalha na Organização dos Estados Americanos e lembrou que a entidade manifestou apoio a Dilma. O evento marca o encerramento de quatro conferências temáticas, que debateram temas ligados à criança e ao adolescente, à pessoa idosa, à pessoa com deficiência e aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT).
A partir desta quarta, começa a 12ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, que deve receber cerca de 6000 delegados de todo o país. Ao ser anunciado, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi ovacionado.
Continua depois da publicidade
Manifestantes fazem coro de apoio a Dilma
Coros de “Não vai ter golpe, vai ter luta”, “Fora Cunha” e “Olê, olê, olá, Dilma, Dilma” eram entoados pelos presentes. Em uma das falas, algumas bandeiras dos movimentos sociais ligados aos diretos humanos foram enumeradas, como democratização da comunicação, criminalização da homofobia, educação inclusiva e reforma política.
“Ô Bolsonaro, vou te dizer, eu também cuspo em você”, gritaram os manifestantes, minutos antes de Dilma chegar ao palco, numa referência à cusparada que o deputado federal Jean Wyllys deu no também deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), durante a votação da autorização para o impeachment no plenário da Câmara. Após a presidente chegar, os delegados voltaram a entoar gritos como “Dilma guerreira da pátria brasileira” e “No meu país eu boto fé, porque ele é governado por mulher”.
* Zero Hora com Agência Brasil