Sou um médico de 72 anos, formado em 1965. Exerci a minha profissão com honra e dignidade. Hoje, estou envergonhado pelos caminhos que estamos sendo obrigados a trilhar, sujeitos ao descrédito de nossa população.

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O que estão fazendo com nossa profissão não tem adjetivos. Procuram nos culpar por todos os desleixos de governos que deram pouca ou nenhuma atenção à saúde. Agora estamos em perigo, ainda mais se não conseguirmos dosar as nossas atitudes. Precisamos nos concentrar em nossos direitos para buscar de forma racional as soluções para reconquistar nossa dignidade e, principalmente, o respeito da população. Não será exercendo o direito de greve ou realizando protestos isolados que vamos readquirir a credibilidade pública.

Não será com agressões de qualquer natureza aos médicos de outros países que seremos respeitados e valorizados. Que culpa eles têm? Nenhuma! Se estão preparados ou não, e se estão sendo admitidos sem respeitar provas como o Revalida, não lhes cabe culpa. É imposição governamental. Nossas entidades representativas tentaram evitar essas discrepâncias, se faltou empenho, vamos exigi-los para atitudes que nos unam.

Dizer que não haveria falta de profissionais e que a saúde chegaria aos mais distintos rincões se lá houvesse estrutura para atendimento decente, com segurança, é uma afirmação de conhecimento nacional. Os médicos brasileiros não podem ficar imóveis e precisam propor soluções amplas e profundas, que vão muito além da falta de estrutura para o atendimento.

Os médicos não podem ser substituídos, pois a medicina é uma vocação que não se impõe e que não se modifica por leis e medidas provisórias. Cumprindo o nosso papel social, somos insubstituíveis. Todo esse barulho precisa servir como um estímulo para que os médicos brasileiros exerçam a profissão com qualidade e determinação.

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