O ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez repete para quem quiser – e também para quem não quiser – ouvir: o Itaquerão, futuro estádio do time paulista, corre risco de ficar fora da Copa 2014. O dirigente alega que nenhuma verba pública foi liberada e que o clube e a construtora Odebrecht não têm mais condições de arcar com os custos da construção da Arena, hoje quase 70% concluída.
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Por trás das manifestações de Sanchez, está a dificuldade em oferecer garantias para receber um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 400 milhões. O problema envolve a apresentação dessas garantias ao Banco do Brasil (BB), para que o banco repasse o valor do empréstimo do BNDES – o órgão faz empréstimos somente via bancos comerciais, e o repassador escolhido foi o banco. Apesar das reclamações de Sanchez, o BB informou que a liberação do empréstimo depende apenas da Odebrecht. Segundo a assessoria, o dinheiro está aprovado há oito meses e aguarda as garantias, que são padrão para qualquer operação de crédito.
O estádio foi erguido até agora com recursos de empréstimos-ponte – espécie de operação emergencial de curto prazo, que permanece em vigor enquanto o maior, de prazo mais longo, não é liberado. A taxa de juros desse tipo de empréstimo, entretanto, é maior. Até abril, Corinthians e construtora devem pagar R$ 30 milhões em juros aos investidores que bancam a construção. O financiamento do Itaquerão prevê uma repartição dos gastos em duas frentes: os R$ 400 milhões do BNDES e R$ 420 milhões de uma linha de crédito da prefeitura de São Paulo (na forma de isenção fiscal e certificados de incentivo a investidores na região).
Em entrevista nesta semana, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, declarou acreditar num desfecho positivo nas próximas semanas. Segundo Rebelo, a construtora acabará dando uma garantia, em solução semelhante à da obra do Beira-Rio.
Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo ontem, o clube já estuda trocar o banco repassador – e entre as novas instituições financeiras buscadas estaria a Caixa, que patrocina o time. A possibilidade de mudança já era levada em conta pelo Banco do Brasil.
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SÃO PAULO
Estádio: Arena Corinthians (R$ 820 milhões)
Conclusão: 66%
Investimentos na cidade: R$ 478,2 milhões em obras viárias, sendo R$ 345,9 milhões do Estado e R$ 132,3 milhões da prefeitura. Devem terminar no primeiro semestre de 2014.
Problemas: as desapropriações do entorno de Itaquera não foram concluídas. De acordo com engenheiros, se não completadas até abril, pode haver atraso na entrega do estádio.