Dois anos de diferença separavam Cátia Regina da Silva, 46 anos, e a irmã Janete Silva Correia, de 48. As conversas diárias e amizade foram interrompidas há cerca de dois meses depois que Cátia foi morta violentamente – assassinada com um tiro na cabeça – em São Francisco do Sul. Depois do crime, a saudade e o período de ausência se transformaram em inconformidade e um pedido de justiça.
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— O que queremos agora é Justiça. Ela se foi e é difícil não conversar com minha melhor amiga todos os dias — lamenta Janete, entre lágrimas.
Janete e Cátia conversavam todos os dias. Se não fosse pessoalmente, as redes sociais ajudavam a encurtar a distância entre as duas. Pensar nas melhores lembranças entre as irmãs, nos momentos da infância e a troca de confidências depois de adultas, não é tarefa fácil. A voz embarga e as palavras não saem.
— Passa um filme na cabeça da gente, né? É difícil lembrar, são muitos momentos. A Cátia era a pessoa mais alegre e realizada com aquilo que fazia — conta.
Segundo Janete, a irmã sempre trabalhou como comerciante e tinha muito orgulho da carreira. Nos últimos anos, passou a vender roupas em uma loja que montou em São Francisco do Sul. A investigação da Polícia Civil demonstrou que operação do estabelecimento foi um dos fatores para a morte da empresária.
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De acordo com a outra irmã, Carina Silva, 32 anos, Cátia estava com medo nos últimos meses e já tinha procurado a polícia para denunciar algumas ameaças sofridas. A primeira de que Carina tomou conhecimento aconteceu em maio deste ano.
— No dia em que começaram essas ameaças, a gente tinha viajado juntas. Era por volta das 20 horas e um homem entrou em contato se passando por agente da Receita Federal. Eu falei para ela: "impossível, nenhum fiscal vai entrar em contato com você a essa hora…" — diz.
Para familiares e amigos da vítima, o crime foi realizado depois de muito planejamento, porque os suspeitos sabiam onde a vítima estava e detalhes da rotina dela. Com a conclusão do inquérito policial, realizado nesta quarta-feira (25), três pessoas foram indiciadas por terem participação no assassinato. A família agora pede por justiça.
— Toda a dor que estamos sentido é insuportável, não tem como explicar. Esperamos agora que todos sejam presos e paguem por isso — menciona Carina.
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Polícia esclarece o trajeto da vítima
A Polícia Civil esclareceu o trajeto realizado pela comerciante Cátia momentos antes de ser morta, quando voltava para casa em São Francisco do Sul. Três pessoas foram indiciadas nesta quarta-feira (25), por homicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e furto. A vítima, morta em julho deste ano, teria sido atraída para uma espécie de emboscada.
— Depois da prática do crime, algumas linhas de investigação foram estabelecidas. Uma delas estava relacionada à atividade comercial da vítima. Em razão disso, foi divulgado nas redes sociais um vídeo em que ela relatava ameaças que estava sofrendo — explica o delegado Rafaello Ross.
Conforme Ross, durante as investigações a polícia apurou que o crime foi motivado por causa da atividade comercial desenvolvida por Cátia, que, inclusive, recebia ameaças. A empresária comprava roupas na capital paulista para revender em seu estabelecimento com uma margem baixa de lucro. O delegado explica que a situação passou a incomodar alguns concorrentes.
Segundo a polícia Civil, foram identificados dois homens e uma mulher que teriam participado do homicídio. Foram expedidos mandados de prisão contra os três suspeitos. Dois deles já estão presos (um homem e uma mulher), enquanto o terceiro indiciado continua foragido.
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Relembre o crime
Cátia Regina Silva tinha 46 anos e foi morta em uma espécie de emboscada quando retornava de São Paulo, onde realizou compras para uma loja de roupas que mantinha há cerca de dois anos em São Francisco do Sul. A vítima foi abordada em seu carro e posteriormente, algemada, encapuzada, e levada para São Francisco do Sul, onde seu veículo foi incendiado.
Conforme a investigação da polícia, após abandonar o veículo, Cátia foi transportada até a Araquari, próximo ao rio Piraí, onde foi morta com um disparo de arma de fogo na cabeça e jogada no rio nas proximidades da BR-280.
O corpo foi localizado no dia 25 de julho no período da tarde e imediatamente, iniciadas as investigações. Para a polícia, o crime teria sido motivado por uma questão de concorrência nos negócios, que evoluiu para uma desavença. Outra comerciante e seu marido estão entre os suspeitos de participarem do crime e estão entre os indiciados nesta quarta-feira.