Em Santa Catarina, os casos recentes de pessoas atingidas por raios mostram a importância de ter em mente as dicas necessárias para proteger-se em dias de tempestades. A morte de Fabrício Corrêa Gasparetto, 47 anos, atingido por um raio enquanto corria com um amigo na faixa de areia de Itapema, litoral Norte do Estado, em outubro de 2020, serve de alerta. 

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Mas não é um caso isolado. No final de 2017, um adolescente de 15 anos morreu um dia depois de ser atingido por um raio enquanto jogava futebol em Biguaçu. Vinícius Adriano participava de uma partida entre os times Boa Vista e Beira-mar, na categoria sub-16. Outro adolescente de 17 anos, à época, também foi atingido, chegou a ser hospitalizado, mas sobreviveu.

Dois anos antes, no fim de 2015, um homem também faleceu após uma descarga elétrica na BR-101. Ele estava a caminho do trabalho, por volta das 20 horas, quando foi atingido, não resistiu e morreu no local.

Casos como esses também já aconteceram em outros estados. Há quase um ano, em outubro de 2019, a queda de um raio deixou 14 pessoas feridas e um homem morto no Rio Grande do Sul. A tragédia aconteceu durante uma partida de futebol em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

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“Dar chance ao azar”

O coordenador da Defesa Civil na região Norte de SC, Clodoaldo dos Santos, ressalta que a chance de uma pessoa ser atingida por um raio é muito pequena. O mais provável (e o que mais ocorre) são descargas em animais que vivem em pastos e acabam se abrigando embaixo de árvores – algo não recomendado em casos de trovoada. 

– É o acaso de estar no lugar errado e na hora errada. Só que não se deve dar chance ao azar, quando há raios é preciso se proteger – diz Santos.

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A reportagem solicitou um levantamento ao Corpo de Bombeiros Militar para saber quantas pessoas se feriram em ocorrêncas deste tipo, mas o sistema da instituição não permite uma filtragem exata. O que se sabe é que de 2017 até este domingo (4), 999 pessoas sofreram descargas elétricas pelo estado, mas a maioria envolvendo objetos energizados. 

O que fazer para se proteger de raios em dia de tempestades

De acordo com orientações da Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat), sempre que uma tempestade se aproxima, o melhor é evitar sair à rua. Mesmo raios de baixa intensidade podem causar ferimentos ou mortes em caso de incidência direta. 

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> Saiba como se proteger de raios e que locais evitar em caso de tempestades

Se não for possível permanecer abrigado, a Rindat elenca alternativas em seu site (veja as principais abaixo) e aponta os locais mais perigosos para se estar – entre eles, campos de futebol.

Confira as principais dicas listadas pela Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat)

Evite sair à rua em caso de tempestade.

Se já estiver fora quando começar o temporal, procure abrigo, de preferência em áreas cobertas e protegidas, como casas e prédios, ou abrigos subterrâneos, como metrôs e túneis.

Evite “locais extremamente perigosos durante uma tempestade”, tais como: topos de morros ou cordilheiras, topos de prédios, áreas abertas, campos de futebol ou de golfe, estacionamentos abertos e quadras de tênis abertas.

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Tente não ficar perto de cercas de arame, varais metálicos, trilhos e árvores isoladas e estruturas altas como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.

Se estiver jogando futebol, deixe o campo e vá para um local coberto.

Evite segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca, tripés e tacos de golfe, empinar pipas e aeromodelos com fio.

E se não tiver para onde ir e eu estiver em área totalmente aberta, como um campo?

Caso não tenha nenhum abrigo próximo, a Rindat sugere o seguinte: ajoelhe-se e curve-se para a frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não se deite no chão.

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Cuidados contra raios dentro de carro e de casa

O Corpo de Bombeiros Militar também descreve quais são os cuidados necessários em caso de descarga elétrica próxima a veículos e casas:

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Qual o perigo de permanecer dentro de veículos?

Evite veículos sem capota como tratores, motocicletas ou bicicletas. 

Evite estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica.

Antes de saltar do veículo, verifique se há algum cabo ou fio elétrico, solto, próximo ao veículo. 

Evite o contato com qualquer objeto metálico próximo ao veículo.

Estando dentro de casa? Existe algum risco?

Não use telefone (o sem fio pode ser usado).

Não fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas

Não toque em equipamentos elétricos que estejam ligados à rede elétrica.

> Celesc recomenda que em caso de descargas elétricas equipamentos eletrônicos sejam retirados da tomada

Chance de ser atingido por raio é de um em um milhão

A Defesa Civil de Santa Catarina explica que a chance de uma pessoa ser atingida por um raio é algo em torno de um para um milhão. O órgão ainda afirma que a maioria das mortes e ferimentos não acontecem em razão da incidência direta de um raio, mas sim de efeitos indiretos associados à proximidade do raio ou por efeitos secundários.

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A corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, por meio do aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.

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A extensão do dano depende da intensidade da corrente, das partes do corpo afetadas, das condições físicas da vítima e das condições específicas do incidente.

Cerca de 20% a 30% das vítimas de raios morrem, a maioria delas por parada cardíaca e respiratória. Os outros 70% dos sobreviventes podem sofrer devido às sérias sequelas psicológicas e orgânicas, por um longo tempo. As seqüelas mais comuns são diminuição ou perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e distúrbio do sono.

No Brasil, estima-se que aproximadamente 100 pessoas morrem por ano atingidas pelos raios.