Não importa o roteiro de férias, a literatura é sempre uma boa companhia. Ajuda a passar as longas horas de viagem no ônibus ou no avião e pode também compor o cenário de descanso: na rede, debaixo do guarda-sol ou até sob as cobertas, para aqueles que se refugiam em algum lugar bem longe do verão.

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ZH consultou escritores para saber que títulos eles não deixariam de fora da mala, de acordo com quatro diferentes destinos e temperaturas: praia, serra, cidade e frio.

Entre clássicos e novos, crônicas e romances, a coletânea resultou variada. O amazonense Milton Hatoum, por exemplo, indicou Guerra e Paz, de Tolstói, na tradução de Rubens Figueiredo para a Cosac Naify, obra colossal que pode ser uma boa pedida para quem fica em casa – a menos que não se importe de arrastar a mala com o peso extra das 2.536 páginas. Diz Hatoum:

– A edição é primorosa. Pode ser lido em qualquer roteiro de férias, menos na praia, porque eu não consigo ler nada na praia.

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Rodrigo Rosp

“Para quem pensa que a violência está apenas nas grandes cidades, A Sangue Frio, de Truman Capote (Companhia das Letras, 440 páginas, R$ 59,50), apresenta um retrato cheio de detalhes de um crime brutal numa cidadezinha do interior. O leitor termina o livro com a sensação de ter passado alguns dias por lá.”

Claudia Tajes

Liberdade, de Jonathan Franzen (Companhia das Letras, 761 páginas, R$ 46,50). Um livro que pede paz e recolhimento para ser lido. Mas como compensa.”

Manoela Sawitzki

Os Verbos Auxiliares do Coração, de Péter Esterházy (Cosac Naify, 72 páginas, R$ 35). Trata-se de uma experiência riquíssima de linguagem com uma carga emocional impactante. Bom para ser lido com vinho.”

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Deonísio da Silva

Os Espiões, de Luis Fernando Verissimo (Objetiva, 144 páginas, R$ 33,90). Acho uma delícia ler as crônicas e os romances de Verissimo. O grande personagem do livro é aquele leitor de originais que um dia recebe na editora um original, digamos, originalíssimo, que desencadeia todo o romance.”

Paula Taitelbaum

“Indico Marilyn, biografias da L&PM (224 páginas, R$ 16), perfeito para levar na bolsa de praia. Além de descobertas incríveis sobre a vida de Miss Monroe, as palavras de Anne Plantagenet soam como o sussurro de uma diva, fluindo e se encaixando com perfeição.”

Leticia Wierzchowski

“Um livro que se passa na praia, uma história inesquecível de um autor que admiro muito: O Mar, de John Banville (Nova Fronteira, 224 páginas, R$ 32,90).”

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Fabrício Carpinejar

“Uma coleção de crônicas da Arquipélago: Esse Inferno Vai Acabar, do mestre mineiro Humberto Werneck (192 páginas, R$ 34), saborosa procura pelos quitutes perfeitos e amizades sentimentais. Certos Homens, de Ivan Angelo (208 páginas, R$ 35), bons apanhados das contradições dos relacionamentos amorosos. Nós Passaremos em Branco, de Luís Henrique Pellanda (192 páginas, R$ 34), inventário das promessas e pecados da geração X. Todos textos leves e solares, que combinam com as distrações do mar.”

Luís Augusto Fischer

Dois Rios, de Tatiana Salem Levy (Record, 224 páginas, R$ 34,90): segundo romance da excelente autora, que aqui inventa um triângulo amoroso raríssimo, com cenas em três ambientes bem diversos, o Rio de Janeiro clássico, da Zona Sul, depois o Rio interiorano, de beira-mar também mas selvagem, e a Córsega. Forte, narrado com mão segura, conduzindo a final inesperado e totalmente esperável.”

Claudia Tajes

As Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa (Alfaguara, 304 páginas, R$ 47,90). Um grande romance de amor e desencontro pelo mundo.”

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Manoela Sawitzki

Conversas com Woody Allen, de Eric Lax (Cosac Naify, 488 páginas, R$ 75). É divertido, revelador e curioso ler os relatos de conversas entre Lax e Allen antes e depois de muitos de seus filmes, ao longo de décadas. Que ideias e características foram se alterando e permanecendo… Para uma metrópole, O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente, de João Paulo Cuenca (Companhia das Letras, 144 páginas, R$ 38,50), um prosador intenso, extremamente emotivo, e com um olhar agudo sobre o lugar que ambienta o livro (a Tóquio ultramoderna) e seus personagens perdidos em loucas experiências amorosas.”

Jane Tutikian

“Em E se Obama Fosse Africano?, o moçambicano Mia Couto (Cia. das Letras, 208 páginas, R$ 35) deixa de lado a ficção para se permitir o que chama de ‘interinvenções’. São textos que colocam à mostra, de modo crítico, mas não sem humor e não sem o estilo criativo que consagrou o escritor, os povos e as culturas africanas, sua violência, sua riqueza, suas dificuldades. A corrupção e o neopatrimonialismo que roubam a África dos africanos, a África tradicional e seus rituais e a África moderna, a língua portuguesa e as línguas autóctones são temas que nos afastam, de vez, da ideia do exotismo africano para nos colocar frente a frente com problemas para os quais o Ocidente insiste em fechar os olhos. Um livro e tanto.”

Cintia Moscovich

As Cidades Invisíveis, do Italo Calvino (Cia. das Letras, 152, R$ 37), é a prova mais viva de que cada um faz a cidade que deseja.”

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