Diário da África do Sul: o adeus das multidões

Em um caixão branco, abrigado em uma estrutura acarpetada montada no coração do palácio do governo sul-africano, em Pretória, o corpo de Nelson Mandela é velado por uma multidão desde o início da tarde. O ex-presidente, cujo corpo foi embalsamado, jaz com uma camisa colorida, como as que costumava usar em ocasiões especiais, em um anfiteatro a céu aberto batizado ontem com o nome do líder pelo presidente Jacob Zuma.

Leia mais:

> Uma casa para receber peregrinos

> Sul-africanos acordam cedo para despedida

Desde o fim da manhã, a multidão começou a se reunir nas proximidades, havia grupos cantando e dançando. A sede do governo está localizado no alto de uma colina, em Pretória. Dezenas de ônibus levavam a população até o topo, onde em duas filas foram formadas para a entrada. Em linha, em passo lento, porém constante, negros, brancos, mestiços se despediam do líder que conseguiu transformar o país que viveu mais de 40 anos sob o regime de segregação racial em um país multirracial.

Veja imagens da despedida:

Na saída da fila, havia distribuição de lenços de papel para os mais emocionados.

Nomasonto Emmah Phakathi, 56 anos, levava um cartaz com o rosto do líder. Filiada ao Partido Comunista, aliado do Congresso Nacional Africano (CNA), o partido de Mandela.

– Madiba nos ensinou muito, muito mais do que o fim do racismo. Ele nos ensinou a perdoar, a ajudar as pessoas – conta a militante.

Acompanhe ao vivo a transmissão do funeral:

Pela manhã, às 7h30min no horário local, um cortejo fúnebre partiu do Hospital Militar Thaba Tshwane e percorreu as ruas da capital administrativa do país de forma discreta, em um carro com vidros transparentes, e de forma rápida. Logo depois, teve início uma cerimônia restrita a familiares e convidados.

O corpo de Mandela ficará exposto até sexta-feira em Pretória. Diariamente, o corpo será transportado diariamente no trajeto entre o Hospital Militar e a sede do governo.

No sábado, os restos do líder serão levados para a Província de Eastern Cape da Base Aérea Waterkloof, em Pretoria, onde o CNA fará uma cerimônia de despedida. A Guarda de Honra militar irá conduzir o caixão, coberto pela bandeira nacional. O corpo será enterrado no vilarejo de Qunu, nas terras da família.