Doença que afeta 382 milhões no mundo, o diabetes aumenta o risco dos pacientes terem Alzheimer. A relação entre as doenças foi apresentada ontem no 20º Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), realizado em Porto Alegre. A associação entre as doença crônica e a mental preocupa os médicos, que afirmam que o mundo vive uma epidemia de diabetes. A estimativa é de que, em 20 anos, o número de diabéticos no mundo chegue a 592 milhões, um crescimento de 55% em relação ao dado atual.

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Diabetes cresce mais entre jovens

No Brasil, 14 milhões de pessoas vivem com a doença, o que representa 7% da população. Conforme o coordenador do Departamento de Diabetes do Idoso da SBD e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), João Eduardo Salles, o número de diabéticos dobrou no país nos últimos 10 anos, devido ao aumento da obesidade e do envelhecimento da população.

No Congresso, o médico apresentou uma pesquisa feita com animais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2013, que mostrou uma relação entre o bloqueio da ação da insulina no cérebro dos diabéticos com o desenvolvimento de demência mental.

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– Além disso, o diabetes altera muito a capacidade dos vasos sanguíneos, que ficam disfuncionais. Isso faz com que haja pequenos derrames, que a pessoa não sente, mas vão diminuindo a capacidade do cérebro de armazenar informações – explica Salles.

Somada ao bloqueio da insulina, essa perda de capacidade faz dos diabéticos um grupo de risco para Alzheimer, afirma o médico.

Cientistas descobrem nova ligação entre diabetes e Alzheimer

Doutor em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor da SBD, Domingos Augusto Malerbi afirmou que o diabetes está associado a um subtipo de Alzheimer, que tem evolução mais lenta:

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– Esse tipo de Alzheimer é diagnosticado em pacientes mais velhos, a partir dos 70 anos.

Associação à depressão também esteve em debate

O médico também alerta para a associação entre diabetes e depressão, outro tema do congresso. Segundo ele, a depressão muitas vezes é uma doença que antecede a demência.

– É um triângulo: diabetes, depressão e alteração cognitiva – explica Malerbi.

A relação inversa também pode ocorrer. Palestrante do evento, o neurologista André Dalbem explica que o próprio Alzheimer pode levar à depressão.

– O paciente começa a ser questionado de seus esquecimentos pela família e, quando se dá conta desse déficit, tende a ficar introspectivo, o que pode levar à depressão – afirma.

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Além disso, a constante luta para controlar o peso e as restrições alimentares a que os diabéticos estão sujeitos são outros fatores que encaminham ao estágio depressivo.