Dia Mundial Sem Carne é celebrado nesta quinta-feira

O aumento do número de crianças e adultos acima do peso ou obesos e das doenças cardiovasculares decorrentes da má alimentação levam diversas entidades e governos a se mobilizar para combater e reverter esse quadro. O Dia Mundial Sem Carne, celebrado no dia 20 de março, é dessas mobilizações, uma data consagrada no calendário do movimento vegetariano e para a saúde pública.

Originário nos Estados Unidos em 1985, atualmente grupos organizados fazem campanhas de conscientização sobre os impactos trazidos pelo consumo de carne e os diversos benefícios de uma alimentação baseada em frutas, verduras, grãos e legumes. No Brasil, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) realiza, nesta quinta-feira, uma ação conjunta com mais de 20 restaurantes espalhados pelo país com o objetivo de incentivar o maior número de pessoas a deixar a carne e seus derivados de fora do prato. Como estímulo, os estabelecimentos participantes oferecem pelo menos 20% de desconto para todos os clientes.

Projeto de lei quer instituir dia sem carne em Porto Alegre

Protocolado pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT), o projeto de lei que institui o Programa Dia Sem Carne alinha-se com essa perspectiva. A proposta pretende restringir, ao menos uma vez por semana, a oferta de carne e seus derivados em estabelecimentos prestadores de serviços de refeição em órgãos públicos ou autarquias em Porto Alegre.

– Não queremos transformar o texto em uma cruzada contra as pessoas que comem carne, não é essa a ideia. A intenção é gerar uma reflexão e uma discussão na sociedade, talvez realizar um debate público também para aperfeiçoar o projeto – explica o parlamentar.

Segundo Sgarbossa, o documento, se aprovado, será considerado um grande avanço. Mesmo com a seleção do dia a critério dos restaurantes e cantinas, o fato de limitar o consumo de carne em um estado tradicionalmente vinculado à ingestão diária da proteína já seria um sucesso.

– Não queremos engessar nem delimitar demais as condições nas quais o projeto deverá ser posto em prática, por isso achamos que seria mais adequado, e até conveniente, deixar que os próprios locais decidissem quando o Dia Sem Carne deverá ser feito. O ideal é que não tivemos que elaborar uma lei para que isso se tornasse uma rotina, não deveria obrigatório e nem uma imposição pensar de uma forma saudável, na mudança de hábitos alimentares e na preservação do ecossistema- diz ele.

O vereador espera receber ainda críticas e contestações ao texto por parte de diversos setores ligados à produção de carne, entretanto vê com bons olhos e as encara como contribuições pertinentes para o aprimoramento da proposta. Apenas iniciando o trâmite processual, Sgarbossa, porém, acredita que o PL não deverá sofrer sanções e nem ser barrado nas comissões da Casa, pois a sua eventual aprovação não geraria gastos para o Executivo, motivo geralmente apontado para a retenção de textos nos colegiados.

Com moderação

Do ponto de vista clínico, parece não só possível, mas também recomendável evitar a ingestão de carne ao menos uma vez por semana. De acordo com a nutricionista Clarisse Zanette, podem ser feitas substituições inteligentes para repor os nutrientes contidos no alimento.

– Podemos continuar obtendo uma alimentação saudável retirando-a da dieta e incluindo outros alimentos fontes de proteína vegetal. Coco, arroz integral, beterraba, quinoa, soja, chia, linhaça, amendoim, castanhas, lentilha, ervilhas, abacate, aveia, grão-de-bico, batata, tofu são mais indicados. Segundo o guia alimentar, os alimentos de origem animal contêm o maior índice de gordura saturada e isto faz com que a população, ingerindo carne em excesso, aumente a prevalência de obesidade e doenças cardiovasculares – esclarece Clarisse.

Por fim, pessoas favoráveis à ideia defendem que há ainda um benefício importante em diminuir o consumo de carne, que são os animais. De acordo com a ONU, cerca de 70 bilhões de animais terrestres são mortos todos os anos com a justificativa de servirem de alimento para o homem.