No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado nesta terça-feira (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama atenção para a redução do estigma e encoraja o diálogo sobre o tema. Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Saúde também se engaja na campanha, com o lema “Se precisar, peça ajuda!”.

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A campanha conscientiza sobre os fatores de risco, identificação dos sinais de alerta e a busca por ajuda, com foco em crianças e adolescentes. O Setembro Amarelo ocorre anualmente para conscientizar a população sobre a importância da prevenção ao suicídio através do cuidado com a saúde mental.

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De acordo com a OMS, cerca de 700 mil pessoas cometem suicídios anualmente. No Brasil, aproximadamente 15 mil casos foram registrados nos últimos cinco anos. E em Santa Catarina, somente em 2023, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 962 mortes foram autoprovocadas.

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Os números de suicídios no continente americano tem aumentando em comparação aos índices ao redor do mundo. Segundo a OMS, esse aumento pode estar relacionado aos casos de ansiedade, depressão e outras condições relacionadas à saúde mental.

Psicóloga dá dicas para tratar a depressão

Um dos caminhos anteriores ao suicídio, pode ser a depressão. Por isso, tratar a doença pode ser uma das formas de evitar que a pessoa chegue ao ponto de tirar a própria vida. A psicóloga e professora da Estácio, Angie Pique, dá algumas dicas para quem quer tratar a depressão.

“Entre os principais sintomas da depressão, destacam-se o humor depressivo persistente, caracterizado por uma sensação constante de tristeza, vazio ou desesperança, presente na maior parte do dia. Além disso, a pessoa afetada pode demonstrar uma perda significativa de interesse ou prazer em quase todas as atividades, incluindo aquelas que antes eram prazerosas”, aponta.

“Também é importante observar mudanças no apetite ou peso, problemas de sono (insônia ou hipersonia), cansaço extremo ou falta de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração ou de tomar decisões, agitação ou retardo psicomotor, além de pensamentos recorrentes de morte ou suicídio”, comenta.

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Ela destaca que esses sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas e representar uma mudança significativa no funcionamento anterior da pessoa. No entanto, nem sempre o quadro depressivo é evidente ou segue um padrão clássico.

Já a psiquiatra e docente do Instituto de Educação Médica (Idomed), Andréa Cristina Galastri, aconselha a buscar ajuda médica o quanto antes, já que as doenças mentais, especialmente aquelas não diagnosticadas ou tratadas corretamente, são responsáveis pela maioria dos casos de suicídio.

“Cerca de 90% desses casos poderiam ser evitados se esses pacientes estivessem sob tratamento psiquiátrico e psicológico. O primeiro passo é compreender a depressão como uma doença. A pessoa não é culpada por desenvolver a doença, mas tem a responsabilidade de buscar tratamento e seguir as recomendações médicas. O tratamento medicamentoso é o primeiro passo, pois o paciente em estado depressivo não consegue tomar medidas para melhorar sua vida”, explica.

À medida que os sintomas são controlados, pode-se avançar para outras etapas. Entre elas, segundo a psiquiatra, estão cuidar do sono, praticar atividades físicas, conectar-se à espiritualidade, manter uma vida social saudável, adotar uma alimentação adequada, cultivar hobbies (como leitura, jardinagem, culinária, artes) e, especialmente, buscar autoconhecimento e ajuda para lidar com os desafios da vida por meio da psicoterapia.

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OMS cobra ações governamentais

A campanha mundial, liderada pela OMS e pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP, na sigla em inglês), tem como tema “Mudando a Narrativa sobre o Suicídio”. A proposta, segundo a OMS, visa romper a cultura do silêncio e do estigma, abrindo espaço para o diálogo, compreensão e apoio.

Outro ponto de destaque da ação é enfatizar a priorização de políticas públicas na prevenção do suicídio e de saúde mental. A OMS indica que o governo coloque como prioridade o contexto de saúde mental, facilitando o acesso ao tratamento e apoio necessários.

A redução da taxa global de suicídio em pelo menos um terço até 2030 é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), e são um apelo global para melhorar a saúde da população mundial.

Números entre crianças preocupa

Números da Organização Mundial mostram que o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 1 mil crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos tiram a própria vida no Brasil anualmente.

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A Secretaria de Saúde do Estado traz como principal tema “Eu não fazia ideia que…”, para conscientizar os pais e responsáveis sobre os sinais de alerta como: problemas emocionais, bullying, excesso de telas e solidão.

Em Santa Catarina, a taxa de mortalidade por suicídio de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos chegou em 5,2 a cada 100 mil crianças e adolescentes, somente em 2022. Os sinais de alerta como lesões autoprovocadas também assustam as autoridades. Em 2022, 204,3 casos a cada 100 mil crianças e adolescentes foram notificados.

Onde buscar ajuda

Em Santa Catarina, para aqueles que querem buscar ajuda, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) fazem o acolhimento e encaminham para um dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). E no Brasil todo, o paciente pode buscar o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio para quem precisa conversar. O atendimento está disponível 24 horas por dia pelo telefone 188.

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