Celebrado desde 1991, dia 14 de novembro marca o Dia Mundial do Diabetes. A doença que atinge cerca de 6,9% da população nacional registrou mais de 2,4 mortes em Santa Catarina ao longo do último ano.
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A data é celebrada no aniversário de Sir Frederick Banting, co-descobridor da insulina, juntamente com Charles Best. A doença ocorre por conta de uma dificuldade ou impedimento de produção dessa substância pelo pâncreas, o que implica na elevação do nível de açúcar no sangue.
Segundo Paulo César Alves da Silva coordenador da Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão, a diabetes é uma condição grave que pode surgir já no período neonatal, na infância, assim como na adolescência e na idade adulta.
Se não for tratada, explica o médico, a diabetes pode levar ao coma e até ao óbito.
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Em Santa Catarina, diabetes mellitus levou a 4.220 internações em 2023, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). O número representa um crescimento de 2,73% em comparação a 2022, quando houve 4.108 internações pela doença.
No ano passado, a diabetes mellitus levou 2.484 pessoas a óbito, número um pouco inferior ao ano de 2022, em que 2.532 pessoas morreram em decorrência da doença, uma queda de 1,9%.
A maioria das mortes registradas em 2023 foi de pessoas com 80 anos ou mais, sendo 897 óbitos ao todo. Na sequência aparece a faixa etária de 70 a 79 anos (747 mortes), 60 a 69 anos (499 mortes), 50 a 59 anos (227 mortes), 40 a 49 anos (74 mortes), 30 a 39 anos (32 mortes), 20 a 29 anos (7 mortes). Houve um registro de morte entre 15 e 19 anos, e nenhum nas faixas etárias abaixo dessa idade.
A Foz do Rio Itajaí foi a região do Estado que mais registrou óbitos pela doença em 2023, com 324 mortes. Em seguida aparece a Grande Florianópolis, com 317 mortes, e o Vale do Itapocu, com 178 mortes.
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Veja por região do Estado o número de mortes por diabetes mellitus em 2023
- Foz do Rio Itajaí: 324 mortes
- Grande Florianópolis: 317 mortes
- Vale do Itapocú: 178 mortes
- Laguna: 154 mortes
- Médio Vale do Itajaí: 266 mortes
- Nordeste: 188 mortes
- Planalto Norte: 145 mortes
- Alto Vale do Itajaí: 112 mortes
- Xanxerê: 82 mortes
- Alto Uruguai Catarinense: 93 mortes
- Carbonífera: 93 mortes
- Serra Catarinense: 99 mortes
- Extremo Sul Catarinense: 99 mortes
- Oeste: 93 mortes
- Alto Vale do Rio do Peixe: 120 mortes
- Extremo Oeste: 65 mortes
- Meio Oeste: 56 mortes
A Secretaria de Estado da Saúde destaca que os dados disponíveis referentes a 2023 são preliminares e tiveram a última atualização em agosto de 2024.
“Doença silenciosa”
A médica endocrinologista e gerente médica de Análises Clínicas do Delboni Medicina Diagnóstica, Cristina Khawali, explica que a diabetes mellitus é uma doença silenciosa em quase metade dos pacientes, se manifestando clinicamente por urina em excesso, muita sede, muita fome, visão embaçada e perda de peso sem causa aparente.
— Há sintomas que são de mais alerta, quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados como visão embaçada, sonolência, náuseas, vômitos, dor abdominal. Esses sintomas indicam alguma forma de complicação aguda pela hiperglicemia como evolução para coma hiperosmolar ou cetoacidose diabética — afirma.
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Quatro tipos de diabetes estão classificados segundo as Diretrizes Brasileiras de Diabetes, publicada pela Sociedade Brasileira de Diabetes, que variam conforme a causa e evolução, segundo a médica.
Veja os tipos de diabetes
- Diabetes tipo 1: pode ser diagnosticada em qualquer idade, mas é mais comum em crianças e adolescentes. Costuma ter sintomas visíveis como urina abundante, sede excessiva e perda importante de peso. É causada, geralmente, pela destruição autoimune das células β do pâncreas que são produtoras de insulina e que leva a uma deficiência grave desse hormônio. O uso de insulina é mandatório.
- Diabetes tipo 2: é o tipo mais comum, e costuma ser associado a obesidade e ao envelhecimento. É causado pela presença de resistência a insulina associada a uma deficiência parcial de insulina secretada pelas células β pancreáticas. Outros sintomas relacionados a resistência insulínica como acúmulo de gordura abdominal, hipertensão arterial e hipertrigliceridemia também costumam ser observados.
- Diabetes mellitus gestacional: é diagnosticado na gestação. Costuma ser assintomático e identificável por testes laboratoriais de rastreamento, feitos na primeira consulta pré-natal e entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
- Outros tipos: podem estar associados a defeitos genéticos na secreção de insulina ou na ação da insulina, ao uso de medicações, como glicocorticoides, hormônios da tiroide ou diuréticos tiazídicos, a endocrinopatias ou a outras síndromes genéticas, como Síndrome de Down, Síndrome de Turner, Síndrome de Prader-Willi e outras.
A endocrinologista explica que o tratamento da diabetes também depende do tipo que a pessoa é portadora. Em todos os casos, há indicação para uma dieta balanceada e atividade física.
— No diabetes tipo 1 o uso de insulina é mandatório. Já nos outros tipos de diabetes, o tratamento pode ser realizado com medicamentos por via oral ou injetável, que vão melhorar a ação da insulina ou estimular a sua produção — afirma Cristina Khawali.
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Em todos os tipos de diabete, pode haver necessidade de uso de insulina devido à evolução da doença, pontua a médica.
O controle da alimentação pode ser um desafio, especialmente entre crianças e adolescentes, que precisam adaptar a rotina na escola, os lanches, o que requer entendimento também da direção e dos professores. É o que explica o coordenador da Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão.
— Tratamento de Diabetes Mellitus é um trio: alimentação, exercício físico e insulinização ou medicamentos orais. Contagem de carboidrato deve ser implementada para a estratégia insulinização. Nem sempre fácil. É uma doença crônica e o burnout pode se instalar pelas tarefas repetidas e nem sempre com o controle que se desejaria por longo tempo, um desgaste que sempre se deve ficar atento, particularmente na adolescência — reforça Paulo César Alves da Silva.
Consultas ao endocrinologista devem ser frequentes, já que outras doenças como intolerância ao glúten e hipotiroidismo podem estar associadas. Além disso, é preciso cuidar com o sobrepeso, controlar a pressão, os níveis de colesterol e triglicerídeos, evitar o tabagismo e ter outros cuidados específicos.
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— Os portadores de diabetes devem ter um cuidado especial com sua pele, evitando que ferimentos venham a se formar e infeccionar, principalmente, nos pés, secando bem entre os dedos e cortando as unhas adequadamente — detalha Cristina.
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