A pandemia do coronavírus impôs uma nova realidade para muitos pais. Home office, aulas suspensas e online, atividades domésticas, cuidados reforçados com a saúde física e psicológica criaram uma rotina desgastante para muitas famílias. Neste domingo, 9 de agosto, data em que celebramos, no Brasil, o Dia dos Pais, conheça a história de papais catarinenses que estão se reinventando e criando novos vínculos com seus filhos durante esse período de isolamento social.

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Em uma sociedade ainda patriarcal, boa parte dessa nova dinâmica familiar acaba sobrecarregando a mulher. Porém, também tem sido uma oportunidade de criar novos hábitos e novos laços entre pais e filhos.

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Maria Alice, de 4 anos, acompanha o pai Renato Navas, co-fundador de uma startup de Itajaí, no home office. Pela manhã, Navas supervisiona as atividades escolares da filha, que ele observa ter ganho maior autonomia.

— Estando mais perto, a gente consegue incentivar e estimular essa autonomia e independência na criança. Tudo isso, claro, em etapas pequenas, porque o nível de concentração delas é diferente. Então nós fazemos algumas pausas ao longo do dia, sempre intercalando uma atividade com uma interação com os pais, para fazer um lanche, para conversar — conta o Renato, que aproveita o período em que a filha está mais entretida com as atividades escolares para realizar reuniões e trabalhos mais extensos.

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Renato e Maria Alice
Renato e Maria Alice (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre a experiência deste momento e as marcas que deixarão no desenvolvimento da pequena Maria Alice, Navas analisa com uma visão positiva.

— Não acredito que vá gerar nenhum tipo de trauma, pelo menos aqui em casa. Nós estamos vivendo algo bem legal vendo a Maria Alice tirando a quarentena de letra, aumentando a autonomia e a capacidade dela de explorar, e todos estamos aprendendo a adaptar nosso tempo.

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Lucas Bernardes da Silva, analista de negócios e pai do Théo, de 2 anos, observa que há momentos complicados nesta interação tão intensa imposta com a pandemia e o home office, como nos momentos em que precisa buscar um espaço de porta fechada para realizar reuniões e interações que exijam contato por voz ou por vídeo no trabalho. Mas não tem dúvida do fortalecimento da relação com o filho, que seria diferente em outra realidade.

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— Com certeza este é um momento que constará nos livros de história, com lados bons e ruins para serem contados e discutidos. Acredito que estamos vivendo um momento único, que está possibilitando a união familiar e a criação de laços muito mais fortes; certamente, marcas positivas.

Em Siderópolis, no campo, o pai Joelmo Zuchinali Macedo, produtor de orgânicos e hortaliças, também vive as consequências impostas pela pandemia. Embora admita que não tenha mudado a rotina, reconhece a aproximação que teve com os filhos Atalia, de 15 anos, e Gabriel, de 12.

— A diferença na rotina é que agora temos eles em casa. Para nós tem sido legal, porque participamos da aula junto com eles e acabamos aprendendo. Também estamos ali para supervisionar, para ser um segundo professor, para cobrar e orientar.

Joelmo com os filhos e a esposa, Ana
Joelmo com os filhos e a esposa, Ana (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois das tarefas escolares, Joelmo ganha auxiliares nas funções do campo.

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— Primeiro as atividades da escola, depois o lazer e as brincadeiras na roça. Plantar um pé de alface, molhar os repolhos, vê as flores, as coisas do nosso dia a dia, que também descontraem bastante — conta o pai, que além de repassar os seus conhecimentos, aprende muito com os filhos.

— Nós ensinamos a eles, mas eles nos dão um banho em relação a tecnologia. Eles sabem e mexem em tudo, e essa parte é bem importante nesse momento em que estamos mais juntos.

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Se para Joelmo a tecnologia o aproxima dos filhos, para o empresário Iomani Engelmann as experiências com Victor, de apenas um ano e quatro meses, passam longe das telas, mas o aprendizado está nos detalhes, na observação e na vivência do bebê.

— A primeira lição que aprendi com meu filho, observando ele mais de perto, é a forma com que ele convive com o tempo. Para ele não existe o ontem ou o amanhã, é somente o hoje. Viver o agora para ele é muito importante. Eu vejo que ele está sempre querendo fazer coisas novas, interagir e brincar. Uma grande lição para nós, que acabamos entrando no automático, se preocupando com o passado, pensando no futuro e fazendo as atividades do agora sem pensar exatamente no que está sendo feito.

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Iomani e o filho Victor
Iomani e o filho Victor (Foto: Arquivo Pessoal)

Também aplicado no seu dia a dia, Iomani, consegue enxergar aprendizado e troca na paternidade na simplicidade dos primeiros passos do filho Victor.

— No processo de aprender a caminhar ele caiu várias vezes e acompanhei ele mudando a estratégia até conseguir, e isso é outra lição. Na sociedade moderna o erro não é visto como algo bom. Não nos permitimos errar, mas eu vejo que a criatividade e a inovação aparecem com o erro e as crianças não tem medo desse julgamento.

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