Milhares de eleitores em fila para votar. Comparecimento em massa: ordenados, em silêncio e sem santinhos jogados pelas calçadas. A eleição americana, por lei, é marcada para a primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro. E nem feriado é nos EUA. Apenas os locais de votação, como escolas públicas, fecham. As particulares têm aula.
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Durante o dia de votação, a sensação, para o olhar de um estrangeiro comum, é de que não há nada de diferente: se você não ligar a TV e simplesmente sair para passear pelo centro de Boston – e ainda tiver a sorte de não cruzar por nenhuma fila -, definitivamente, não irá perceber que o futuro da superpotência está sendo decidido.
Por trás dessa sensação de normalidade, está a dúvida. Até o último minuto, o eleitor americano não sabe se o seu voto definirá a eleição – ou se tudo acabará como em 2000, na Justiça. O voto na maior democracia deste tempo é indireto: depende de formatos diferentes, de cédulas diferentes, às vezes de recontagens diferentes, e fusos horários diferentes. Por fim, ainda é um colégio eleitoral de 538 membros que decide tudo.
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Durante oito dias nos EUA, ouvi as palavras Ohio e Flórida dezenas de vezes. Duzentos milhões de eleitores estavam aptos a votar, o país inteiro, mas quem decide são no máximo 11 Estados, e principalmente esses dois – Ohio e Flórida. Estive três vezes perto Mitt Romney, a 50 metros de Barack Obama e muito próximo de Michelle Obama. Discursos diferentes, um país rachado. Nesses dias nos EUA, senti na pele os efeitos de um furacão que certamente influenciará o resultado da eleição, um processo eleitoral que urge por mudança e uma nação que, mesmo depois da terça-feira, 6 de novembro, seguirá dividida. Ou muda o processo eleitoral, ou mudam os EUA.