Maria Célia Moreira ganhou o presente de Dia das Mães antecipadadamente, mas não foi fácil. Grávida pela primeira vez, aos 39 anos, ela sentiu as primeiras contrações no início da noite do dia 1º, enquanto lavava roupas no pátio da kitnet onde mora sozinha há nove anos, próximo ao Shopping Itaguaçu, em São José. Apesar de atenta aos sinais da 40ª semana de gravidez, ela demorou a acreditar que o bebê estava a caminho. Começou a cronometrar o tempo dos intervalos entre uma dor e outra. Já na cama para dormir, a frequência diminuiu de 10 para 7 minutos e foi abaixando mais e mais. Estava chegando a hora.
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Proprietária do terreno onde aluga a kitnet para Maria Célia Moreira, Silvana Raupp acordou assustada com as batidas na porta. Passava da meia noite e ela não esperava ninguém. Era a vizinha, com a enorme barriga, pedindo ajuda. Traumatizada pela morte da mãe, há quatro meses, quando naquela mesma casa o socorro do Corpo de Bombeiros não conseguiu evitar o inevitável, Silvana entrou em pânico e pensou no pior. As duas desceram os oito degraus da escada e entraram no carro. Para onde?
José Roberto Espíndola tem mais de 25 anos de serviço na Polícia Militar. Depois de ver de tudo nas ruas da Grande Florianópolis, ele cumpre expediente na Central de Monitoramento da PM, no acesso do Shopping Itaguaçu. Era uma quinta-feira tranquila até estacionar um pálio. Silvana Raupp desceu nervosa do carro. Contou a ele que havia uma mulher grávida no veículo, em trabalho de parto. Espíndola chamou rapidamente a viatura mais próxima para o socorro.
Ao chegarem na Central de Monitoramento, os policiais Guilherme Geisler e Alexsandro dos Santos não tiveram muito tempo para tomar a decisão. Geisler assumiu o volante do carro de Silva, onde estava Maria Célia, no banco de trás, e Alexandro partiu com a viatura, abrindo caminho no trânsito, em direção ao Hospital Regional (a 8 quilômetros de distância). Já era mais de 1h quando os quatro chegaram na emergência da unidade. Maria Célia foi deixada aos cuidados dos enfermeiros, acompanhada de Silvana. O pai da criança, Pedro Ferreira, foi avisado e chegou depois. Logo as contrações em Maria Célia foram aumentando até chegar a 2 minutos. Naquela madrugada, 13 partos foram realizados no Hospital até Caio nascer, com 47 centímetros e 3 kg, às 7h07min.
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Na noite desta sexta-feira, com o bebê no colo, Maria Célia reencontrou os seus heróis daquela noite para agradecer.
– Há dois anos eu achava que nem podia engravidar e agora chegou este presente, que vai mudar a minha vida – disse a mãe, que após o nascimento foi morar ao lado do pai da criança, na casa da sogra, em Barreiros.