Definido como Dia da Visibilidade Trans, o 29 de janeiro marca uma data de luta para a conscientização e enaltecimento desta parcela da população que ainda sofre pelo preconceito e discriminação. Dentre os diversos desafios de ser uma pessoa trans, a questão da empregabilidade é dos pontos críticos da idade adulta destes indivíduos.
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Instituições como a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) e o projeto Transempregos, que conecta profissionais trans e travestis a empresas, lutam diariamente para promover esta consciência coletiva. Por exemplo, uma das ações é a promoção regular de campanhas voltadas à capacitação e à contratação de profissionais trans.
Um balanço apresentado pelo site informar que há um crescimento de quase 300% no número de empresas interessadas em registrar vagas na plataforma nos últimos seis anos, e uma das possíveis razões para isso é que a inclusão e a diversidade geram vantagens competitivas para as empresas.
Para Thuany Schutz, gerente de RH na empresa de tecnologia Involves, que contratou seu primeiro colaborador trans há cinco meses, a pluralidade garante enriquecimento cultural e ganho de produtividade.
— A base dos nossos valores é o respeito. Tratamos todas as pessoas como únicas. Acreditamos que isso é o que deve ser feito. Além disso, a diversidade mostra que ideias plurais tornam a empresa mais produtiva e competitiva — afirma Thuany. A Involves conta hoje com cerca de 20% dos colaboradores declarados LGBTQI+.
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Lucas Vieira de Linhares, 24 anos, é um homem trans que atua como analista de Suporte na Involves. Mas até chegar nesta posição, enfrentou uma série de desafios.
— Uma amiga precisou insistir muito para que eu aceitasse me aplicar à vaga. Sempre achei que eu não conseguiria um emprego como este. O preconceito marca a autoestima e, por conta disso, sempre desconfiei das minhas qualidades profissionais. Foi comum me sentir inferior às demais pessoas — conta Lucas.
A falta de perspectivas causada por todo o preconceito, o menosprezo e a marginalização ao longo da vida são fatores que influenciam fortemente no grau de escolarização das pessoas trans.
— Me sentia deslocado na escola, me sentia ‘menor’ por todo o preconceito que sofria e não tinha vontade de estudar porque não tinha perspectiva de chegar aos 24 anos que tenho hoje. Parecia que algo iria acontecer que não me deixaria viver até essa idade, então eu não tinha sonhos ou vontade de fazer qualquer coisa — desabafa Lucas.
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Inclusão na empresa
A contratação de uma pessoa trans pela primeira vez é um fato que merece e precisa de atenção. Muitas empresas se concentram em ações de diversidade, quando, na verdade o que mais importa para as minorias, é a inclusão.
— Nós passamos por um processo anterior à entrada do Lucas que teve como foco preparar a empresa como um todo, desde o time até as lideranças e C-Levels, para receber um profissional transsexual. A nossa cultura é altamente focada no valor ‘Eu sendo eu’, que preza por respeitar cada indivíduo com a sua singularidade, sem rótulos. Mas sabemos que, quando se fala em inclusão, há uma série de outros aspectos — explica Thuany.