Caro leitor, hoje deveríamos ajoelhar no milho e penitenciar nossa culpa, nossa máxima culpa. Afinal, este 8 de março só é considerado o Dia Internacional da Mulher por causa dos homens. E se você não compreende que esta data foi criada diante da omissão histórica, para não dizer criminosa, do sexo masculino em relação aos direitos básicos delas, melhor parar por aqui mesmo a leitura.

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As mulheres prometem uma mobilização global hoje. Querem marcar posição em defesa da causa diante do avanço do conservadorismo mundo afora. Em Florianópolis, está previsto um ato à tarde. Merecem aplausos.

Não dá mais para aceitar que, enquanto você lê estas mal traçadas linhas, mulheres sejam agredidas, estupradas e assassinadas. Só porque seus “companheiros” sentiram-se habilitados a tratá-las como propriedade. Por dia, milhares são mutiladas em clínicas clandestinas de aborto, mas discutir com a seriedade necessária o assunto parece tabu no Brasil.

Certeza mesmo é que o machismo, em pleno século 21, poderia constar no dicionário como sinônimo de ignorância. Desculpem-me, mas não dá para achar normal uma menina evitar usar uma saia mais curta, com este calorão de derreter catedrais, por medo de ser atacada numa esquina qualquer. Ou mesmo aquelas vítimas que tomam coragem e procuram uma delegacia para registrar ocorrência ficarem à mercê da morosidade da Justiça que pode levar dias ou até meses para determinar o distanciamento legal. Enquanto isso, o autor vai até o boteco da esquina, toma duas purinhas, estufa o peito e parte para mais um ataque, muitas vezes mortal.

Juro que pesquisei e não encontrei em nenhum lugar alguma “ordem natural” que determine a elas a função de lavar, passar, cozinhar, arrumar a casa e cuidar dos filhos. A palavra de hora é compartilhamento. Homens e mulheres têm sim suas diferenças. Mas elas nunca deveriam servir de álibi para salários menores, assédio moral ou até sexual em nome de uma “promoção”. Se você não ajuda sua companheira em casa na famosa dupla jornada, melhor rever seus valores. Caso discorde de tudo isso, apenas respeite o fato de que elas estão lutando por seus direitos. E só não atrapalhe, porque nossa cota de bizarrices masculinas já extrapolou faz tempo.

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