Ser aluno da Escola Bolshoi Brasil não é fácil: a rotina de quem quer ser um bailarino completo é rigorosa e cheia de disciplina. Nesta segunda-feira, pessoas que têm diferentes profissões e conhecimento sobre dança vivenciaram esta experiência em oficinas abertas à comunidade, que a instituição promoveu como parte do calendário do Dia Mundial da Dança, celebrado em 29 de abril. Idosos, pais de alunos, funcionários da empresa de limpeza urbana, alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e indígenas da tribo Guarani, de Araquari participaram das aulas abertas, assim como bailarinos de outras escolas e companhias, como o elenco dos espetáculos do Beto Carrero World.
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Sob as orientações da professora Larissa de Araújo, Ariani Nunes Bonfim, 33 anos, aprendia os passos fundamentais da dança clássica na manhã de ontem. São lições que a filha dela, Nicoli, de 12 anos, já sabe de cor: a menina é aluna da Escola Bolshoi desde o ano passado e, para ela, o "dia da dança" acontece em todos os dias da semana. Quando as aulas de Nicoli acabaram, ela correu para acompanhar a experiência da mãe.
— A gente não consegue fazer nem um terço do que eles fazem. Isso aqui explica as dores no corpo sobre as quais ela fala. Eu sabia que era puxado, mas acho que agora vou compreender muito mais a rotina dela — contou Ariani.
Outros 400 participaram do evento. A programação começou com apresentações dos alunos mostrando as coreografias da instituição — entre elas, estava Carimbó, criada pelo professor Jessé Cruz, que dá aula de dança popular no Bolshoi. O ritmo tem origem indígena — seu nome vem do Tupi, “korimbó”, que significa “pau que produz som” —, mas está longe das tradições da tribo Guarani de Araquari, que participou do evento com crianças e adolescentes, além de mães e professores.
O ritmo é uma manifestação típica do Pará, onde a dança indígena foi adotada pelos africanos e pelos portugueses e recebeu adaptações destas outras culturas. Na hora das aulas, a tribo aprendeu alguns passos da coreografia com o professor Jessé Cruz. Depois, ensinou seus passos e seu canto.
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— É uma oportunidade de fazer troca de conhecimento envolvendo os alunos indígenas, que estão em horário de aula e também para os não-indígenas pequenos receberem esse conhecimento. Acho que quebramos um pouco dos tabus que a sociedade ainda mantém e atualizamos como é o índio de hoje, que não são todos da mesma cultura porque cada um tem a sua especificidade — analisou o cacique Ademilson Moreira (Werá).
Ele ensinou que, para os indígenas, a dança é uma forma de ensinamento e de cura espiritual. Essa foi a segunda vez que a tribo visitou a escola apenas neste mês — há três semanas, houve um intercâmbio com os alunos do 2º e do 3º ano. O professor Jessé acredita que a experiência é ainda mais enriquecedora para os estudantes.
— É importante eles conhecerem os nossos indígenas, saber que eles estão vivos e entender que essa é a nossa cultura verdadeiramente brasileira. Trabalhamos a ideia do respeito e da empatia, e a percepção de que a nossa cultura não está morta, que o brasileiro precisa tratar nossa cultura com amor — avalia Jessé.
Ainda nesta noite, às 19h30, as festividades do Dia Mundial da Dança de Joinville serão encerradas com um espetáculo da Escola Municipal de Ballet no Teatro Juarez Machado. Cerca de 150 alunos da instituição pública e de escolas particulares convidadas apresentaram coreografias de balé, jazz, dança contemporânea, dança urbana e sapateado.
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