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Celina Agostinho de Jesus, 73 anos, vai ser homenageada nesta noite de sábado. Moradora do Morro da Queimada, área do Maciço do Morro da Cruz, na Capital, é uma entre as 22 pessoas da comunidade e ligadas à cultura afrodescendente que serão lembradas neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

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Neste sábado, houve palestras e demonstrações artísticas. À tarde, shows no Palácio Cruz e Souza, em Florianópolis, celebram a data.

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A festividade cultural faz parte de uma ampla programação que tem o Palácio Cruz e Sousa e o Centro de Convivência do Morro da Queimada como palcos.

Nascida em Tijucas, Celina subiu o morro onde criou os filhos, netos e bisnetos. É pobre, trabalhadora, analfabeta. Sua família faz parte dos 13% da população negra (preta e parda) de Santa Catarina, conforme a Coordenadoria Municipal de Políticas Para a Promoção da Igualdade Racial (Coppir).

Mas existem divergências. Se levado em conta os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros representam 2,2% da população estimada em 6,1 milhão. O dado da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) é do ano de 2009. O Pnad considera cinco categorias para a pessoa se classificar quanto à característica cor ou raça: branca, preta, amarela (pessoa que se declarou de origem japonesa, chinesa, coreana etc.), parda (incluindo- se a pessoa que se declarou mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça), ou indígena (considerando-se nesta categoria a pessoa que se declarou indígena ou índia).

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– O problema da invisibilidade precisa ser atacado em Santa Catarina – sugere Ana Paula Cardozo, coordenadora da Coppir.

Estudo vai traçar o perfil da população negra no Brasil

Formada em Educação Artística na Universidade do Estado de Santa Catarina, pesquisadora da cultura da Diáspora Africana e da cultura Afro-Brasileira e militante do movimento negro, explica que recentemente foi fechado um convênio com o governo federal para que se possa analisar e mensurar quanto são, onde ficam e o que fazem os negros catarinenses.

Com os dados, poderá se traçar políticas voltadas à população e estabelecer um ‘observatório étnico-racial’. Assim, aprofundar informações que mostram ser o número de analfabetos negros o dobro do número de brancos. Ou a renda da população negra a metade da renda dos brancos. A visibilidade permitirá, ainda, descobrir questões relacionados à cultura dos afrodescendentes em Santa Catarina.

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– Somos o segundo estado da população, superando Rio de Janeiro e Minas Gerais, com o maior número de clubes sociais do país. Isso nos dará a oportunidade de sediar um encontro nacional promovido pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – conta Ana Paula.

O encontro devia acontecer em dezembro, mas devido à transição do governo está sem data marcada. Conforme a coordenadora da Coppir, estão catalogados 43 clubes sociais. Alguns ativos, como o Novo Horizonte, em Florianópolis, e o Sociedade Kênia Clube, em Joinville, ambos em atividades.

Programação

Dia 22

19h-palestra seguida de debate sobre o Centenário da Revolta da Chibata, na Câmara Municipal, no Centro

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Dia 24

11h entrega de coroa de flores no busto do poeta Cruz e Sousa, na Praça XV de Novembro

23h59min – serenata no mesmo local