Di Melo brinca que é conhecido no mundo todo exatamente por ser um desconhecido. No final dos anos 60, o cantor e compositor pernambucano foi tentar a carreira artística em São Paulo, onde tocou na noite até lançar o primeiro disco homônimo em 1975. Hermeto Pascoal, Cláudio Beltrame e Heraldo do Monte são algumas das figuras que participam do LP considerado um diamante raro da soul music brasileira, tanto pela qualidade musical quanto pela lenda em torno do artista.

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Ouça o disco

Após o sucesso na década de 70, Di Melo desapareceu por mais de 25 anos. Circulou o boato de que havia morrido em um acidente de moto. “Renasceu” nos anos 90, quando DJs europeus descobriam a música A Vida em seus Métodos Diz Calma, de seu primeiro LP, que entrou na coletânea Blue Brazil 2, da gravadora BlueNote, e também por conta de um documentário sobre a vida dele.

O artista chegou a lançar outros nove discos, mas que jamais alcançaram o sucesso do primeiro – que aparece, inclusive, no final do clipe de Don’t Stop the Party, do Black Eyed Peas.

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Às vésperas de completar 65 anos, Di Melo avisa que está “bonitinho, fofinho e cheirosinho”, pronto para fazer um show inesquecível amanhã, em Florianópolis.

Por telefone, entre declamações de poemas e cantorias de trechos das novas músicas, ele falou sobre a vida e a gravação do novo álbum, A Essência de um certo Perfume no Ar.

Por onde você andou após o lançamento do primeiro álbum?

O primeiro disco fez sucesso, mas não ganhei dinheiro. Fiquei frustrado em ter tanto trabalho e depois ficar chupando o dedo. Mas nunca deixei de trabalhar com arte. Vendi quadros pintados por mim, cantei e toquei em uma cantina italiana de São Paulo, fiz turnê com Geraldo Vandré, compus mais de 400 músicas e tenho dois livros de poesias e crônicas só esperando o “Senhor José do Patrocínio” para serem lançados. Continuo correndo atrás dos direitos autorais das gravações que tocam no exterior; afinal, jacaré que não trabalha vira bolsa de madame.

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Você acredita que o documentário Di Melo – O Imorrível, lançado em 2011, impulsionou sua carreira aqui no Brasil?

O Alan Oliveira, em Recife, e o Rubens Pássaro, em São Paulo, já estavam com a ideia de fazer um filme sobre mim. Apresentei um ao outro, e eles começaram o projeto em 2009. Depois de lançado, o documentário ganhou vários prêmios, inclusive no Festival de Gramado, e também passou na televisão O filme teve bastante visibilidade. Hoje os jovens são o público dos meus shows. Faço muitas apresentações em festivais e em casas noturnas de música alternativa.

Como vai ser o novo disco? Já há previsão de lançamento?

O novo disco está sendo feito com muita garra. Vai se chamar A Essência de um certo Perfume no Ar. É um trabalho inteligente, com muito swing e bom gosto. Vou gravar músicas de Geraldo Vandré, Rashid, Wando e também terá participações de Emicida e Hermeto Pascoal. Já consegui dinheiro para gravar no melhor estúdio do Recife, com músicos de lá. A ideia é lançar até o final do ano.

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E o show em Florianópolis?

Vou cantar as músicas embaladas do disco, como Kilariô e A Vida em seus Métodos Diz Calma, e vai ter coisa nova também. Será um show alegre, festivo e pra cima!

Como é sua vida atualmente?

Moro numa casa no Butantã, em São Paulo, com minha mulher, Jô Abade (que também é sua produtora), e minha filha Gabi, de oito anos. Escrevo todos os dias, não fumo e nem bebo. Gosto de andar de moto e tenho o Fusca mais bonito do Estado de São Paulo. O meu momento é agora!

Agende-se

O quê: show de Di Melo

Quando: amanhã, às 22h

Onde: Green Park Music Hall (Av. Pref. Acácio Garibaldi S. Thiago – Estrada Geral da Joaquina, 1.303, Florianópolis)

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Quanto: R$ 50 (3º lote e na hora), à venda no gorockbee.com