Dezoito dias após o transplante, o agricultor Elisiel Silveira recebeu alta do Hospital Municipal São José, em Joinville. Nesta segunda-feira à tarde ele deixou o quarto 308, no segundo andar do hospital, e voltou para a quitinete onde está morando, nas proximidades da Pró-Rim, no bairro Comasa.
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E a primeira coisa que ele pretende fazer ao sair do hospital é dormir com mais tranquilidade.
– Aqui no hospital, não consigo dormir direito – relata.
Além disso, ele diz que vai ser bom abandonar a rotina do hospital.
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– Aqui a gente tem hora para tudo, hora de comer, hora de tomar banho, não é como estar em casa – Elisiel, que veio de Campo Novo, em Rondônia, ainda terá que ficar na cidade, em recuperação, por pelo menos três meses.
Mas comemora a saída do hospital como mais um passo em direção a uma vida normal.
– Já não sinto mais nenhuma dor, posso andar e comer normalmente – diz.
Por enquanto, ele ainda terá algumas restrições, mas nada é sacrifício para ele, que já passou por incontáveis seções de hemodiálise ao longo de quatro anos e meio de tratamento.
– Não vou poder comer alimentos que não sejam cozidos pelos próximos três meses, nem frequentar lugares com muita gente – conta, referindo-se aos cuidados que terá neste período em que a imunidade do organismo fica comprometida devido aos medicamentos ministrados para evitar a rejeição do novo rim.
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Além disso, nos próximos três meses, Elisiel terá que usar uma máscara. Mas por baixo dela, ele exibe um sorriso de satisfação. Só de pensar que ele agora poderá tomar água sempre que sentir sede, e não precisará mais se submeter à hemodiálise, Elisiel diz que valeu a pena viajar mais de 3,1 mil quilômetros para passar pelo transplante em Joinville.
Na despedida do hospital, na tarde de ontem, ele agradeceu à equipe do setor de transplantes.
– Fui muito bem tratado por todos aqui, só tenho a agradecer – diz.
O momento também foi de reforçar a gratidão pelo ato de amor da irmã, Elizia Silveira, doadora do rim transplantado em Elisiel. Elizia, que já recebeu alta dois dias após a cirurgia, realizada no dia 15 de junho, deve voltar essa semana para a cidade de Buritis, em Rondônia, onde mora, com a sensação de dever cumprido.
Ela salvou o irmão, e agora pode voltar a cuidar dos filhos, que há seis meses sofrem com a saudade da mãe, que veio para Joinville no início do ano para passar por todos os exames necessários para a realização do transplante. E dentro de quatro meses, a expectativa é de que toda a família esteja reunida em Rondônia para celebrar o sucesso desta operação.
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– Não vejo a hora de voltar para casa e ver os meus filhos – diz Elisiel, ao lado da esposa, Neuci. ??
Joinville bateu recorde de transplantes em junho
No mês em que Elisiel recebeu um rim, Joinville bateu um recorde de transplantes.
– Foram 16 (15 renais e um de fígado), contra os 14 realizados em novembro de 2011, sendo que cinco deles foram realizados num período de 24 horas – conta a enfermeira chefe do setor de transplantes do Hospital Municipal São José, Liliane Azevedo.
– Só não batermos o recorde de transplantes num mesmo dia porque já chegamos a realizar oito num período de 24 horas – conta.
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Da manhã de sexta-feira às 7 horas de sábado, a equipe do Hospital Municipal São José, em parceria com a Fundação Pró-Rim, realizou cinco transplantes renais, dos quais um de doador vivo e quatro de doadores falecidos. Os pacientes que receberam os rins são naturais de diversas regiões do Brasil: Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco e Santa Catarina (Jaraguá do Sul e Balneário Camboriú).
– Todos passam bem e estão em recuperação.
O diretor Clínico da Pró-Rim, Dr. Marcos Vieira, destacou o preparo da equipe multidisciplinar e a importância da conscientização acerca da doação de órgãos.
– Esse fato é importante para estimular a doação de órgãos. Mesmo num momento difícil, essas famílias se sensibilizaram e puseram fim à espera dos pacientes pelo transplante renal – afirmou.
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Com os cinco transplantes realizados, já são 62 cirurgias em 2012. Durante toda a trajetória da Fundação Pró-Rim, são 1.048 cirurgias, o que coloca Joinville entre os 10 centros que mais transplantam no Brasil.