Donetsk e Lugansk, dois redutos separatistas pró-russos do leste ucraniano, vivem intensos combates nesta quinta-feira, provocando a morte de dezenas de pessoas. A Ucrânia enviou o seu próprio comboio humanitário às vítimas do conflito em resposta à polêmica ajuda russa. O número de vítimas no leste da Ucrânia dobrou em quinze dias, chegando a 2.086 mortos, segundo a ONU.

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Em Donetsk, intensos ataques com armas pesadas foram ouvidos em vários pontos do centro da cidade, deixando pelo menos dois mortos. Na região de Donetsk, onde o exército ucraniano realiza sua ofensiva apertando o cerco à cidade, 74 civis morreram em três dias, segundo a administração regional. Em Lugansk, cercado pelo exército ucraniano e que sofre com uma situação humanitária “crítica”, 22 civis morreram após um obus atingir um ônibus, um mercado e várias habitações. Nove soldados ucranianos também morreram.

As autoridades ucranianas anunciaram nesta quinta-feira o envio do próprio comboio humanitário, com 75 caminhões transportando 800 toneladas de produtos de primeira necessidade, aos civis de Donetsk e Lugansk. Esse anúncio soa como uma resposta ao comboio humanitário russo enviado por Moscou na terça-feira, sob o mesmo pretexto, à fronteira ucraniana, e que é alvo de uma disputa entre os dois países sobre as modalidades de sua entrada na Ucrânia.

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Assim como vários países ocidentais, a Ucrânia suspeita que o comboio, que partiu na terça-feira de uma base militar próxima de Moscou, poderia ser uma espécie de “cavalo de Troia” para uma eventual intervenção russa no leste do país. Após anunciar inicialmente que impediria a entrada do comboio russo, Kiev finalmente propôs na quarta-feira que esta ajuda seja conduzida e distribuída pela Cruz Vermelha no reduto rebelde de Lugansk.

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Nesse contexto de crise, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que a Rússia “não deve se desconectar do resto do mundo”, num momento em que as relações com o Ocidente estão tensas devido à crise com a Ucrânia.

*AFP