Cerca de 80 civis morreram nesta sexta-feira (16) nos bombardeios contra as zonas rebeldes de Ghuta Oriental, de onde os habitantes continuam fugindo da devastadora ofensiva do regime sírio e de seu aliado russo para reconquistar esta região próxima a Damasco.
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Em Ghuta oriental, as forças do regime recuperaram mais de 70% deste último reduto rebelde, alvo de uma ofensiva desde 18 de fevereiro. Mais de 1.346 civis, incluindo 270 crianças, morreram e milhares ficaram feridos em quase um mês de bombardeios, segundo o OSDH.
Apesar das condenações e pedidos de cessar-fogo por parte dos países ocidentais, o regime, reforçado militarmente por Moscou, continua sua operação nesse país arrasado após sete anos de uma guerra que deixou mais de 350.000 mortos.
Na sexta-feira, 96 civis morreram em Ghuta oriental em bombardeios que atingiram as localidades de Saqba e Kfar Batna, segundo o último balanço da OSDH, que atribuiu esses ataques à aviação russa.
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O ministério de Defesa russo desmentiu categoricamente nesta sexta-feira essas alegações e assegurou que sua aviação de guerra não teve “nenhuma missão militar” em Guta oriental.
Em Kfar Batna, oito corpos carbonizados ocupavam o chão de uma rua, segundo um fotógrafo que colabora com a AFP. Alguns feridos foram abandonados à própria sorte por falta de socorristas.
– ‘Atrocidades’ –
Diante do avanço das tropas sírias nas localidades do sul do enclave, centenas de civis continuaram a fugir sem outra alternativa a não ser os setores sob controle do regime apesar do medo de represálias.
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Na quinta-feira, pelo menos 20.000 habitantes saíram de Guta, especialmente das zonas recuperadas pelo regime no sul do reduto, segundo o OSDH. O embaixador sírio na ONU, Bashar Jaafari, mencionou a cifra de 40.000 pessoas deslocadas.
Na localidade de Adra, em território governamental ao norte do reduto rebelde, cerca de 3.000 pessoas se amontoavam em uma escola transformada em um centro de acolhimento, segundo um correspondente da AFP no local.
Para retomar a totalidade do bastião rebelde de onde foram lançados obuses em direção a Damasco, o regime dividiu a região em três setores para enfraquecer os rebeldes.
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Os grupos rebeldes islamitas Jaish al Islam, Faylaq al Rahman e Ahrar al Sham, cada um presente em um dos três setores sitiados pelo regime, se declararam dispostos, nesta sexta-feira, a “iniciar negociações diretas em Genebra com a Rússia” no contexto de negociações dirigidas pela ONU.
Graças ao apoio militar da Rússia, o regime de Assad conseguiu recuperar mais da metade do território sírio, e não oculta sua determinação em reconquistar a totalidade deste país dividido.
Nesta sexta-feira, os ministros das Relações Exteriores da Rússia e do Irã, aliados do regime, se reuniram em Astana para falar sobre a situação na Síria com o chefe da diplomacia da Turquia, apoio tradicional dos rebeldes.
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Depois das críticas dos Estados Unidos contra o papel de Moscou, acusado de ser “moralmente cúmplice e responsáveis pelas atrocidades de Assad”, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov respondeu acusando os ocidentais de “preservar o potencial militar dos terroristas” na Síria.
– Civis mortos em Afrin –
Em outra frente desta guerra complexa, 43 civis morreram em bombardeios do exército turco em Afrin (nordeste), onde Ancara tenta expulsar da região a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) que considera “terrorista”, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Pelo menos 16 civis morreram no bombardeio pelas forças turcas do principal hospital de Afrin, segundo o OSDH. O exército turco desmentiu no Twitter essas informações e afirmou que realiza suas operações sem “ferir civis nem inocentes”.
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Segundo o OSDH, pelo menos 254 civis, incluindo 43 crianças, morreram desde o início da ofensiva turca no enclave curdo.
A cidade de Afrin agora está virtualmente cercada, com exceção de um só corredor utilizado por milhares de civis que fogem para áreas em poder do regime sírio. Mais de 30.000 civis deixaram Afrin desde quarta-feira, segundo o OSDH.
Mais de 350.000 pessoas morreram desde que a guerra na Síria começou. Na quinta-feira, o conflito entrou em seu oitavo ano sem que se vislumbre uma solução política.
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* AFP