“Sou Amanda Berry. Fui sequestrada. Estive desaparecida durante 10 anos. Estou livre, estou aqui agora”.

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As palavras gravadas no telefonema ao número de emergência americano 911 colocaram fim a uma década de cativeiro para Amanda, 27 anos, e outras duas mulheres, Gina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32.

Desaparecida desde abril de 2003, Amanda conseguiu colocar os braços em um buraco na porta de uma casa na cidade de Cleveland, no Estado de Ohio, e chamar a atenção do vizinho Charles Ramsey, no início da tarde de segunda-feira. Ele derrubou a porta, permitindo que Amanda, que estava com uma criança pequena, chamasse a polícia. Elas foram levadas a um hospital e liberadas ontem pela manhã em boas condições de saúde.

As três jovens teriam sido aprisionadas por três irmãos, detidos após o chamado de Amanda: Ariel Castro, 52 anos, Pedro Castro, 54, e Onil Castro, 50. Fontes ouvidas pela imprensa local afirmaram que as mulheres teriam sido amarradas e a polícia encontrou correntes penduradas em um dos tetos. As três jovens desapareceram quando ainda eram adolescentes e foram mantidas reféns na mesma casa.

Amanda tinha 16 anos quando desapareceu após sair do trabalho. A mãe dela, Louwanna Miller, morreu de ataque cardíaco em março de 2006, ainda incansável na busca pela filha. Gina tinha 14 anos em 2004 quando sumiu após deixar a escola. Michelle fora vista pela última vez em 23 de agosto de 2002, aos 21 anos de idade, depois de ter ido visitar uma prima, segundo o jornal Cleveland Plain Dealer. Todos os casos ocorreram na mesma região da cidade, nas proximidades da casa onde foram encontradas. Para as autoridades, as três estavam mortas.

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Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus e músico. O suspeito, porém, teria antecedentes criminais. Registros policiais mostram que Castro foi preso por violência doméstica e por perturbação da ordem pública em 1993. Ele também foi acusado de violentar sua ex-mulher em 2005, quebrando o nariz e as costelas dela.

Os agentes confirmaram que o suspeito usava como endereço em documentos a casa transformada em cativeiro. Os outros dois acusados moravam em lugares diferentes. Nenhum deles estava na lista das buscas feitas pela polícia nos últimos 10 anos.

Imagem: Editoria de arte

O vizinho lavador de pratos que virou herói e sucesso na internet

Charles Ramsey, o vizinho que escutou Amanda Berry gritando por socorro, foi alçado a herói em Cleveland. Ele contou que costumava comer churrasco com o sequestrador e jamais suspeitou que as mulheres estivessem na casa.

O áudio da chamada de Ramsey – lavador de pratos em um restaurante – para a polícia e sua entrevista à cadeia de televisão americana ABC transformaram-se rapidamente em virais, dada a veemência com que ele afirmava que apenas cuidava de sua vida e comia seu McDonald’s no momento em que viu a garota tentando escapar da residência na qual era mantida cativa por Ariel Castro.

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– Ei, irmão, estou na Avenida Seymour, 2207. Te liga só, eu recém saí do McDonald’s, ok? E estou aqui na minha varanda comendo minha comidinha e essa mulher está tentando quebrar a p… da casa aqui do lado – disse Ramsey ao atendente do 911, serviço de emergência americano.

E acrescentou:

– Ela disse que se chama Linda Berry ou qualquer m… assim. Eu não sei quem ela é.

Ramsey relatou à imprensa que Castro parecia um sujeito normal:

– Ele só ia até o quintal, brincava com os cães, arrumava seus carros e motocicletas, e voltava para dentro de casa. Às vezes, você olhava para ele e depois desviava o olhar, porque ele não fazia nada além de coisas comuns. Não tinha nada de interessante sobre ele. Bem, até hoje.