Peça indispensável na história do cinema brasileiro e autor de algumas das mais importantes produções cinematográficas do país, Rogério Sganzerla influenciou uma geração e desbravou fronteiras da sétima arte. Dez anos após sua morte, o cineasta vive na produção de novos realizadores e nas ações que buscam resgatar sua obra, ainda pouco explorada.

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Nascido em Joaçaba em 1946, Sganzerla sinalizou desde cedo uma inclinação para o cinema. Aos 17 anos, mudou-se para São Paulo e passou a colaborar como crítico para o jornal O Estado de São Paulo. Sua primeira produção cinematográfica veio em 1966 com Documentário.

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Ainda no final dos anos 1960, lançou O Bandido da Luz Vermelha e A Mulher de Todos, seus dois filmes de maior sucesso e que lhe permitiram investir nas produções seguintes, cada vez mais transgressivas e radicais. Casando-se com a atriz Helena Ignez, musa de seus filmes, formou uma das mais prolíficas parcerias do cinema brasileiro.

– O Rogério é a principal figura do cinema marginal, que é um cinema que não obedece regras. O preço dessa transgressão é uma outra margem: a do reconhecimento. A partir da filmografia dele, porém, se cria uma referência permanente – afirma o professor dos cursos de Literatura e de Cinema da Ufsc, Jair Fonseca.

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Em 2006, Fonseca e um grupo de alunos de Cinema da UFSC inauguraram o cineclube universitário Rogério Sganzerla, dedicado a exibir filmes que o circuito comercial não contempla.

Em 2010, o livro Edifício Rogério, organizado pela Editora da UFSC em parceria com o Itaú Cultural, trouxe ao público a compilação dos textos críticos publicados pelo então jovem Rogério no mais importante suplemento cultural do país, na década de 1960.

Já em 2013 o curta-metragem documentário, produzido em Santa Catarina por Rafael Schlichting, revelou depoimentos de figuras como Arrigo Barnabé e Gilberto Gil sobre o cinema do catarinense.

Essas três iniciativas estão entre as poucas que nos últimos 10 anos se voltaram para a obra de Sganzerla em seu Estado natal. Rogério Sganzerla morreu no dia 9 de janeiro de 2004, aos 57 anos, em São Paulo.

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Confira depoimentos sobre o trabalho de Rogério Sganzerla:

Ele é insubstituível. Sua obsessão por encontrar um cinema verdadeiro poderá inspirar os novos realizadores.”

Helena Ignez

Atriz, cineasta e viúva de Sganzerla

“O reconhecimento está crescendo mas ainda é uma obra restrita, que deveria ser vista e conhecida por todos. É o principal cineasta de SC e nesses 10 anos ainda não teve a atenção que merece.”

Djin Sganzerla

Atriz e filha de Rogério Sganzerla

Além de cineasta, era um grande intelectual. Acho que Santa Catarina tinha que investir mais em seus clássicos

Sérgio Medeiros

Professor de literatura da UFSC

Seu legado é a ousadia, a firmeza de caráter, a não subserviência ao mercado ou a qualquer outro tipo de política cultural vigente e a fidelidade ao trabalho, às ideias, às intuições estéticas que geraram o vigor e força de seus filmes, atuais até hoje.”

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Rafael Favaretto Schlichting

Diretor do curta documentário

>> Relembre alguns dos filmes de Rogério Sganzerla na galeria:

Filmografia de Rogério Sganzerla ano a ano (acesse o canal de vídeos no Youtube):

1966 – Documentário

1968 – O Bandido da Luz Vermelha

1969 – Histórias em Quadrinhos (comics)

1969 – Quadrinhos no Brasil

1969 – A Mulher de Todos

1970 – Sem Essa, Aranha / Copacabana, Mon Amour / Carnaval na Lama

1971 – Fora do Baralho

1976 – Viagem e Descrição do Rio Guanabara Por Ocasião da França Antártica

1977 – Abismu / Mudança de Hendrix

1981 – Noel por Noel / Brasil / Cidade de Salvador (Petróleo Jorrou na Bahia)

1983 – Irani

1986 – Nem Tudo é Verdade / Ritos Populares:Umbanda no Brasil

1990 – Isto é Noel Rosa / Anônimo e Incomum / Linguagem de Orson Welles

1992 – Perigo Negro / América: O Grande Acerto de Vespúcio

1997 – Tudo é Brasil

2001 – B2

2003 – Informação: H.J Koellreutter / O Signo do Caos