O país voltará a conferir pela televisão as caretas de Luiz Felipe Scolari, de novo guindado a técnico da Seleção Brasileira, após o anúncio marcado para hoje pelo presidente da CBF, José Maria Marin. São caras de preocupação, de impaciência, de alívio, de severidade, de regozijo e de paizão, e todas elas agora carregam a missão de conduzir o Brasil ao Hexa.

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Dez anos após a conquista do Penta em 2002, Felipão só não é o mesmo em um ponto: exibe agora bem menos faixas no peito.

Em infográfico, veja as diferenças de Felipão antes e depois de 2002

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A grande diferença da consagração obtida no Japão e Coreia é que a próxima Copa do Mundo será realizada no Brasil. Se a Seleção chegar ao Hexa, o país dirá que brilhou de novo a figura carismática do gaúcho paizão e faca na bota e a CBF capitalizará a façanha justificando a surpreendente demissão do técnico Mano Menezes na última sexta-feira. Se o Brasil não vencer em 2014, Felipão será um nome suficientemente forte para carregar a derrota nas costas _ socorrido com a convocação de Carlos Alberto Parreira para coordenador técnico da Seleção, outro de costas alargadas, pelo Tetra na Copa de 1994.

Há outro diferencial. Em 2002, quando o mundo ainda não conhecia Orkut e muito menos Facebook e Twitter e se virava com e-mails, o time que Felipão chamava de sua família tinha Ronaldo Nazário, Ronaldinho, Rivaldo e Marcos, quatro extraclasses. Agora, afora os lampejos das arrancadas de Neymar, a Seleção vive completa abstinência de craques. Não há um time igual àquele, mas a exigência será infinitamente maior: o Brasil está proibido de perder a Copa.

Só Luiz Felipe teria força o bastante para remover obstáculos fora de campo até a grande final do dia 13 de julho de 2014, no Maracanã, embora o seu currículo dos últimos 10 anos estivesse perdendo o ritmo frenético de títulos de antes do advento do Penta. Desde lá, o técnico obteve algum sucesso na seleção de Portugal e até tornou-se o fio condutor de inéditos vice-campeonato da Eurocopa promovida naquela país e um quarto lugar na Copa da Alemanha. Depois, não teve êxito no salto maior ao treinar o Chelsea e acabou na Uzbequistão antes de voltar ao Brasil pela porta do Palmeiras.

Seu amigo, o preparador Paulo Paixão, considera justo seu retorno à Seleção, porque, afinal, conquistou a Copa do Brasil em maio. Mas, a seguir, não segurou a desorganização do Parque Antártica e deixou o clube em setembro, no caminho da Segunda Divisão.

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Pois hoje os jogadores são outros. Expressam-se no Face, tuitam e colocam a vida privada ao alcance de todos com a maior naturalidade. Vão encontrar um Felipão que mal sabe passar e-mail e que depende de sua mão forte para dirigir o grupo. Seu esquema, de bola parada para a área, não fecha com a diversidade técnica dos grandes times atuais.

É claro que, para o raio cair duas vezes no mesmo lugar, basta tentar.

A começar pelos somente cinco jogos que terá com a Seleção até a Copa das Confederações, o grande ensaio da Copa do Mundo que será realizada entre 15 e 30 de junho de 2013.

Se for bem, teremos boas caretas de gaúcho de Passo Fundo, por certo.