Entre março e abril, a família de Júlio Cesar viveu com a dengue dentro de casa, mesmo tomando todos os cuidados contra o mosquito transmissor da doença. Eles vivem no bairro Floresta, considerado infestado pelo mosquito, e representam metade dos moradores do bairro que contraíram dengue em 2020: ele, a esposa e os cinco filhos ficaram doentes.
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Só a família de Júlio Cesar já somam mais casos do que o total registrado em Joinville em todo o ano passado, quando quatro pessoas foram diagnosticadas com dengue contraída dentro da cidade (outras 14 que tiveram exame positivo haviam viajado para lugares com infestação do mosquito).
Até esta quarta-feira, os dados da Secretaria de Saúde de Joinville mostravam que 1.124 pessoas já haviam contraído dengue dentro do território de Joinville em apenas 120 dias, desde o início do ano. Os sintomas da doença são febre, dores musculares, nas articulações, na cabeça e atrás dos olhos, além de manchas vermelhas na pele. A maioria delas, inclusive, parecida com alguns dos sintomas de Covid-19, o novo coronavírus.
— Deu muito medo. Quando começamos a sentir febre, veio essa preocupação de que podia ser coronavírus. Também relutei no início de ir no P.A. para buscar atendimento, correndo o risco de pegar coronavírus, mas no segundo dia de febre alta criei coragem, fui e o diagnóstico era dengue — recorda Júlio.
Ele foi o último da família a pegar. A dengue chegou à casa dele em meados de março, quando o filho de 21 anos começou a sentir os sintomas. Depois foi a esposa, o filho de 26 anos, a filha de 13, os caçulas de nove e de cinco anos e, por fim, Júlio.
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— Sempre cuidamos muito para não acumular água, não ter pratinhos nos vasos, mas até agora nem sabíamos quais eram os sintomas da dengue — conta.
Júlio acredita que o criadouro de mosquitos Aedes aegypti seja em um terreno baldio quase na frente da casa dele, na rua Ibirapuera. Além deles, pelo menos outros cinco vizinhos também tiveram dengue recentemente. A denúncia sobre o terreno já foi feita na Ouvidoria da Prefeitura de Joinville, mas ainda não houve uma resposta efetiva da Vigilância Ambiental.
Vigilância realiza ações focadas em bairros infestados
A Prefeitura de Joinville informou que as equipes da Secretaria da Saúde e da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (SAMA) continuam realizando ações comunitárias de orientação e limpeza nos bairros considerados mais infestados por focos do mosquito Aedes aegypti.
Nesta quarta-feira (29), os agentes concluem a ação no bairro Jardim Iririú e nas regiões do Comasa e Espinheiros. Já entre os dias 4 e 7 de maio, as ações serão realizadas no bairros Ulysses Guimarães e Paranaguamirim.
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Cerca de 15 bairros da cidade estão infestados pelo mosquito Aedes aegipty. Os mais críticos são Boa Vista, Bucarein, Comasa, Espinheiros, Floresta, Guanabara, Fátima, Itaum, Jardim Iririú, Jardim Sofia e Jarivatuba.
Para denunciar terrenos baldios, casas e empresas onde pode existir criadouros do mosquito da dengue, o caminho é pelo site da Ouvidoria da Prefeitura de Joinville. Depois da fiscalização, a prefeitura fará a notificação aos donos para limpeza do local
Como identificar os sintomas da dengue:
Se você estiver sentindo dores de cabeça, febre alta, moleza no corpo e perceber manchas na pele, pode estar com dengue. Os sinais da doença se manifestam a partir do terceiro dia após a picada do mosquito e duram, em média, de cinco a seis dias. Existem duas variações da dengue, a clássica e a hemorrágica, e os sintomas variam de acordo com o tipo de vírus.
Dengue clássica
Na dengue clássica, o infectado terá febre com início repentino, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos. Náuseas, vômitos e cansaço extremo também são algumas consequências da doença. É comum o aparecimento de manchas na pele, semelhantes a do sarampo, principalmente no tórax e nos membros superiores. Essa é a forma mais branda da dengue que pode atingir crianças e a adultos, mas raramente leva à morte.
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Dengue hemorrágica
A dengue hemorrágica é mais severa e pode ser fatal. Os sintomas são os mesmos da dengue clássica, com algumas variações. A diferença é que quando a febre cessa, surgem novos sinais de alerta como dores abdomnais fortes, vômitos persistentes, pele pálida, fria e úmida. Além desses sintomas, pode haver confusão mental, sede excessiva, dificuldades de respirar, sangramentos pelo nariz, boca e gengiva.
Na dengue hemorrágica, o quadro se agrava rapidamente, e o doente pode apresentar sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar à morte em até 24 horas. De acordo com o Ministério da Saúde, 5% das pessoas que contraem a dengue hemorrágica morrem. Ao observar o primeiro sintoma, deve-se buscar orientação médica no posto de saúde ou hospital mais próximo. Quem já contraiu a formação clássica da doença deve agir com rapidez quando perceber o reaparecimento dos sintomas, pois corre o risco de estar com dengue hemorrágica
Como se pega dengue:
A dengue é transmitida por um vírus, assim como a gripe. Mas ao contrário de algumas doenças virais que podem ser contraídas pelo ar ou em um simples aperto de mão, o vírus da dengue precisa de um vetor para passar de uma pessoa para outra. O responsável por isso é o mosquito Aedes aegypti. Ao picar uma pessoa doente, o mosquito “armazena” o sangue infectado. Quando ele pica uma segunda pessoa, ela recebe o vírus que veio da primeira. Por isso a principal forma de combater a dengue é eliminando o responsável por transmitir o vírus.
Como identificar o mosquito da dengue:
O mosquito responsável pela transmissão da dengue é o Aedes aegypti. Ele é conhecido como “pernilongo rajado” porque tem listras brancas e pretas ao logo do corpo. Também é possível identificar o mosquito da dengue por suas patas que são compridas e finas – são seis ao total. Ele mede menos de 1 centímetro e costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. Não é possível perceber que foi picado porque, no momento em que ela ocorre, não provoca dor nem coceira.
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O voo dele é considerado baixo, já que ele não ultrapassa os dois metros de altura. Sozinho, ele alcança no máximo a distância de um quilômetro mas, geralmente, só busca sangue humano a até 200 metros de seu criadouro, já que precisa disso para a reprodução.
*com informações do Ministério da Saúde