Ao longo da semana passada, o Departamento de Transportes e Terminais de Santa Catarina vistoriou 84 ônibus da Jotur, o Terminal de Palhoça e o Ticen. Nesta segunda-feira (03), o jornal Hora de SC teve acesso ao relatório. E segundo os fiscais, não foram encontradas irregularidades, nem com relação à quantidade de passageiros nos veículos, nem sobre a idade da frota dos ônibus.
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Passageiros reclamam de má conservação e descumprimento nos horários de ônibus da Jotur
O relatório sugere ainda que algum funcionário da empresa oriente os passageiros a ocupar melhor o espaço dos coletivos para evitar uma falsa impressão de que o veículo está superlotado.
“… muitos problemas seriam evitados caso a empresa utilizasse um colaborador para organizar o ingresso nos ônibus, orientando os passageiros a ocuparem de forma mais eficiente os espaços no interior dos veículos, eis que poucos ficam no início do ônibus próximo a catraca e muitos vão se aglomerando nos fundos perto da porta de entrada, sendo que um mero comando de voz, sugerindo para os usuários virem um pouco mais para frente, ajudaria muito a desfazer esta falsa impressão de superlotação, o que foi recomendado à Empresa operadora”, informou o Deter em nota.
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O texto cita o artigo 122 – inciso IV da legislação no transporte intermunicipal de Santa Catarina, que admite excesso de lotação de 100% em relação à capacidade nominal do veículo em operação. Sobre atrasos na chegada dos ônibus, os fiscais afirmam que isso tem muito mais a ver com o trânsito e os congestionamentos dos horários de pico do que com qualquer atitude da empresa. “Mesmo que envie mais veículos de sua garagem, por exemplo, os mesmos ficariam presos no trânsito até chegar aos terminais”, diz a nota.
Para o Deter, um problema recorrente dito pelos passageiros quando eles procuraram os fiscais que estavam nessa operação é a falta de conhecimento da existência da Ouvidoria Geral do Estado. Segundo o relatório, grande parte das reclamações parte das linhas municipais – que levam o usuário dos bairros até o Terminal da Palhoça, e os veículos das linhas intermunicipais apresentam idade adequada e estão em grande maioria de acordo com a legislação estadual.
O Deter aplicou três autos de infração à concessionária: por utilizar ônibus que não consta da folha de veículos, ausência de certificado de vistoria e ausência de Apólice de Seguro (Responsabilidade Civil Obrigatória).
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Vistoria impediu 10 ônibus de circularem
Ao contrário do que constatou o Deter, os membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da Jotur encontraram vários problemas nos ônibus da empresa. Na terça-feira passada (28/03), uma vistoria da Cipa na porta da garagem impediu 10 veículos de circularem. Eram ônibus que apresentavam problemas elétricos, como faróis estragados ou pneus carecas.
— Para a segurança dos trabalhadores e da própria população, esses carros voltaram para a empresa para que ela tome as devidas providências — disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis, Deonísio Linder.
Foi com muita raiva que a empregada doméstica Helenice Correia recebeu o relatório do Deter. A passageira, que é voz ativa nas redes sociais sobre os problemas no transporte público de Palhoça, lembrou de uma situação que passou na última quarta-feira (29/03). O ônibus em que ela estava quebrou, e os passageiros tiveram de esperar outro veículo chegar dentro do carro quebrado. Detalhe: o veículo tinha goteiras.
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— Tivemos que abrir a saída de emergência porque tinham pessoas passando mal. E aí chegou outro ônibus tão lotado quanto o que quebrou. Foi uma bagunça generalizada.
O diretor da Jotur, José Luiz Spricigo, disse à reportagem que o grande problema de Palhoça é o trânsito e não os veículos. Ele reforça que os fiscais do Deter não encontraram irregularidades na empresa.
— Eles andaram dentro dos carros a semana toda, verificaram in loco. Está tudo dentro do que é permitido. Agora, na hora do pico não tem como todos os passageiros irem sentados — argumentou o executivo.
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— Nós fazemos estatísticas para saber quando um veículo está superlotado. E quando constatamos algum erro, a gente corrige e coloca outro. O nosso carro mais velho é de 2009 — garantiu.
A legislação catarinense determina que as empresas que fazem transporte público intermunicipal devem ter frota de no máximo 15 anos, com 20% dos veículos podendo passar dessa idade, respeitando o limite máximo de fabricação de 25 anos.
Confira na íntegra o relatório do Deter