Teve início às 10h desta segunda-feira um tumulto na nova Penitenciária Industrial de Blumenau. Durante toda a manhã houve muita movimentação de agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap) e da Polícia Militar na prisão. O Deap trata a movimentação dos presos desta segunda como motim. Familiares dos detentos aguardam por notícias e protestam do lado de fora, de onde é possível ouvir dos detentos gritos como “queremos nossos direitos” e “queremos nossas visitas”. Pela manhã foi possível ouvir tiros e explosões de bomba.

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Segundo informações divulgadas pelos advogados que representam familiares e que estiveram reunidos com a administração da penitenciária no início da tarde, quatro detentos ficaram feridos durante a rebelião. Lucas Borges, Rodrigo F. Pereira, Leandro T. Domingos e Adriano Mateus foram encaminhados ainda pela manhã pelo Samu ao hospital. Ao longo da tarde os quatro já retornaram para a penitenciária.

As primeiras informações eram de que a rebelião teria iniciado por conta de uma operação pente-fino dentro da penitenciária, mas mais tarde foi confirmado que a proibição das visitas íntima e social motivou o motim e que os agentes precisaram agir com força para controlar os detentos. Nos próximos 30 dias os detentos devem passar por um “castigo”, sem direito a visitas.

Outras reclamações seriam as refeições e supostas agressões sofridas na unidade. O Instituto Geral de Perícias (IGP) agora deverá fazer uma força-tarefa para realizar exames de corpo de delito em todos os 510 presos que atualmente ocupam a penitenciária.

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No fim da tarde, a advogada Marilu da Rocha Ribas, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Blumenau informou que os detentos estariam se recusando a sair das celas e teriam usado partes de uma proteção de acrílico quebrada por eles como escudos.

O Deap e a secretaria de Estado de Justiça e Cidadania emitiram uma nota oficial durante à tarde em que afirmam que a situação está controlada e que as normas sobre segurança são diferentes das usadas no Presídio Regional e que atendem a necessidades de segurança.

:: Nova penitenciária de Blumenau é alvo de protestos

Denúncias de violência dentro da penitenciária

Na sexta-feira um grupo de mais de 20 mulheres se reuniu em Blumenau para protestar as condições do local, que há quatro meses foi inaugurada. Segundo elas, companheiros e filhos recebem castigos dos agentes prisionais, falta cobertor nos dias frios, a comida é servida estragada e até agora somente uma visita de familiares foi liberada.

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A advogada Marilu da Rocha Ribas, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos de Blumenau, que esteve na penitenciária durante a manhã de rebelião, contou que são dois os pontos que tem causado a revolta dos familiares de detentos:

– O que vem acontecendo é que o direito de visita que eles tinham estava sendo aplicada apenas pelo parlatório. Então não tinha visita social e apenas de 30 em 30 dias. Isso foi uma das coisas, até porque a visita social ela humaniza, não faz ele esquecer da família. Ele tá aqui para pagar por esse erro, dentro da medida justa. Outro detalhe que aconteceu aqui na penitenciária é que não deixaram entrar a sacola, que auxilia o Deap já que eles não conseguem suprir a demanda a contento, são materiais de limpeza, higiene e alimentação – ressalta.

Segundo Ribas, duas denúncias de violência contra detentos foram feitas na semana passada por familiares. Ela ressalta que desde a inauguração do local, há condições precárias tanto para apenados quanto para os agentes.

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O atual responsável pela penitenciária é Cleverson Henrique Drechsler, nomeado pelo Departamento de Administração Prisonal (Deap) semana passada após o afastamento do antigo diretor, Marco Antônio Caldeira, que se envolveu em uma confusão fora do horário de trabalho.

Advogados conversaram com administração da penitenciária

Por volta das 13h, as vozes que vinham de dentro da penitenciária se calaram. Do lado de fora, as famílias aguardavam notícias sobre os detentos enquanto os advogados conversavam de portas fechadas com os responsáveis pela prisão. Mais tarde, os familiares foram informados que as visitas sociais voltam a ocorrer em 30 dias, 15 dias depois as visitas íntimas serão liberadas – os parentes poderão optar pela visita íntima ou por duas visitas sociais.