Santa Catarina está no mapa do tráfico internacional de drogas, e o esquema está tão avançado que envolve até pessoas que, teoricamente, não teriam como praticar crimes. A Operação Fuzil, desencadeada nesta terça-feira pela Polícia Federal após nove meses de investigações, constatou que detentos de diversas instituições prisionais do Estado estariam envolvidos no comércio de entorpecentes vindos de fora do país. Líderes de uma facção criminosa que atua dentro e fora das cadeias catarinenses estariam no comando da organização que, por hora, está desestruturada.

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As investigações foram concentradas pela Polícia Federal de Lages, que no dia 11 de outubro do ano passado iniciou escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal. Desde então, ocorreram dez apreensões de drogas em sete cidades de diferentes regiões de Santa Catarina (Balneário Camboriú, Biguaçu, Curitibanos, Ituporanga, Lages, Urubici e Videira) e em uma do Paraná (Cascavel), totalizando 64,3 quilos de maconha, 8,5 quilos de crack e um quilo de cocaína. Quantidades aparentemente pequenas, mas o suficiente para prender 21 pessoas em flagrante.

Nestes nove meses de investigações, a Polícia Federal constatou que a droga vinha do Paraguai para ser distribuída em várias regiões do Estado, inclusive para pessoas que, mesmo atrás das grades e sob constante vigilância, conseguiam controlar o tráfico em seus respectivos pontos.

– Tinha gente nas cadeias envolvida no esquema -, resume o policial Rigno Santos Amaral Filho.

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Com todas as informações em mãos, a Polícia Federal, com o aval da Procuradoria da República, solicitou e a Justiça Federal expediu, na segunda-feira, oito mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária (30 dias prorrogáveis por mais 30) e sete de busca e apreensão.

Todos os 18 mandados foram cumpridos nesta terça. Dos 11 presos, um foi em Foz do Iguaçu (PR), conforme informou a Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. Os outros foram presos em Santa Catarina, mas a Delegacia de Lages não divulgou os nomes e as cidades. Disse apenas que uma pequena quantidade de cocaína e crack foi encontrada na casa de um dos presos, em Ituporanga, na região de Rio do Sul, e que os detidos ficarão à disposição da Justiça Federal nas instituições prisionais das suas respectivas cidades. Assim, com as 11 prisões desta terça-feira, subiu para 32 o número de pessoas presas desde o início da Operação Fuzil.

Nos próximos dias, o juiz federal substituto Carlos Felipe Komorowski, que acompanha o caso, deve receber da Polícia Federal um relatório final sobre a operação. O documento também será utilizado pela Procuradoria da República em Lages para formalizar a denúncia contra os suspeitos. Por ter réus presos, o caso terá prioridade, mas um julgamento ainda este ano é pouco provável.

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