Dois proprietários de fábricas de roupas no prédio que caiu na última semana na periferia da capital de Bangladesh, Daca, se entregaram neste sábado à polícia. Mahbubur Rahman Tapas e Balzul Samad Adnan são acusados de forçar os empregados a trabalhar no prédio de oito andares, ignorando as advertências sobre rachaduras.
Continua depois da publicidade
Ao menos 336 pessoas morreram e 1,2 mil ficaram feridas após o desabamento, na quarta-feira. Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas sob os escombros do imóvel, construído ilegalmente em Savar, no subúrbio da capital Dacca, e que abrigava cinco unidades de confecção que trabalhavam essencialmente para marcas ocidentais.
Na manhã deste sábado, ao menos 24 pessoas foram retiradas com vida do local. Desde quarta-feira, 2.412 pessoas foram retiradas dos escombros, segundo as autoridades. A polícia anunciou a detenção de dois proprietários de confecções que atuavam no imóvel de oito andares.
– Prendemos Bazlus Samad, o presidente das confecções New Wave Buttons e New Wave Style, e Mahmudur Rahaman Tapash, diretor-executivo de uma dessas fábricas – afirmou o vice-chefe da polícia de Dacca, Shyaml Mukherjee.
A polícia abriu investigação por “homicídio culposo”, acrescentou ele, depois que o primeiro-ministro do país declarou que os proprietários forçaram os funcionários a voltar ao trabalho depois que rachaduras apareceram no prédio na véspera da tragédia. A polícia, no entanto, ainda está procurando o proprietário do edifício.
Continua depois da publicidade
A maioria das 4,5 mil fábricas de têxteis de Bangladesh permanecem fechadas após as manifestações dos trabalhadores, revoltados com a tragédia. Os empresários do setor decretaram folga neste sábado e os sindicatos convocaram uma greve para domingo, com o objetivo de exigir melhores condições de trabalho.
Na sexta-feira à noite, as equipes de resgate encontraram quase 50 pessoas vivas nos escombros do edifício. A descoberta de mais sobreviventes dá novas esperanças aos parentes desesperados que estão concentrados no local do acidente. O odor intenso de decomposição sugere que muitos corpos permanecem presos.