“Uma obra fundamental para a qualidade de vida e a autoestima dos florianopolitanos”. Foi assim que o diretor-presidente da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) Valter Gallina apresentou, nesta quarta-feira, 11, o projeto de despoluição da orla ao longo da Avenida Beira-Mar Norte. A proposta é uma parceria da Casan com a prefeitura de Florianópolis e pretende tornar próprio para banho o trecho de 3,5 quilômetros entre a Guarnição de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar (GBS), próximo à ponte Hercílio Luz, e a Ponta do Coral.

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Em entrevista coletiva no gabinete do prefeito, Gean Loureiro e Valter Gallina assinaram o edital para a contratação do projeto estimado em R$ 24,5 milhões, com previsão de término em 8 meses após o início das obras. De acordo com o prefeito, a expectativa é de que a área esteja própria para banho no no final do ano que vem.

— Temos o processo licitatório e todo o prazo legal para a entrega da ordem de serviço, e a Casan estima que isso ocorra até o início do ano que vem. A proposta tem prazo de execução de oito meses e, após concluído, temos três meses para a despoluição ser efetivada. Se tudo der certo, ao final de 2018 vamos ter uma Beira-Mar (Norte) com balneabilidade.

A proposta não é exatamente inédita. Já em 1989, quando foi eleito prefeito de Florianópolis, o agora deputado federal Esperidião Amin prometeu despoluir as baías Norte e Sul e colocar um guarda-sol na Avenida Beira-Mar Norte. É claro que isso não saiu do papel. Depois, em 2012, um projeto bilionário foi enviado ao Ministério do Planejamento, mas foi engavetado.

A diferença da proposta atual, segundo os técnicos da Casan, é que apenas a orla da Beira-Mar Norte será despoluída — um empreendimento mais realizável. De acordo com o diretor-presidente da Casan, os coliformes fecais (bactérias responsáveis pela transmissão de doenças) se movimentam apenas com a força das correntes, chegando, no máximo, a 150 metros de distância de onde foram despejados. Ao entrar em contato com a água salgada, essas bactérias morrem em aproximadamente uma hora.

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— Os estudos feitos nas últimas décadas mostram que a 200 metros da orla, a água da Beira-Mar é completamente balneável (de acordo com os parâmetros da Fatma). Nós precisamos urgentemente eliminar a entrada desta bactéria dentro do mar, e é isso que vamos fazer — disse Gallina.

Em laranja, o trecho que receberá de 15 a 20 estações elevatórias para tratamento da água misturada ao esgoto
Em laranja, o trecho que receberá de 15 a 20 estações elevatórias para tratamento da água misturada ao esgoto (Foto: Divulgação / Casan)

O projeto

Para levar adiante a ideia de despoluir a orla da Beira-Mar Norte, será instalada junto à Estação Elevatória da Casan (área conhecida como Bolsão) uma Unidade Complementar de Recuperação Ambiental (URA), que vai tratar a água contaminada da rede de drenagem antes de lançá-la ao mar. De acordo com a Casan, a URA terá capacidade de tratar quase 13 milhões de litros por dia.

Para isso, cada uma das saídas da rede de drenagem (aquelas tubulações de cimento) receberá um sistema próprio de captação e bombeamento. Assim, serão de 15 a 20 pequenas estações elevatórias conduzindo a mistura de chuva com esgoto até a URA.

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— Vamos fazer o recolhimento do escoamento das galerias de drenagem, que é uma água que vem dos rios naturais e resquícios de lavagem de rua, limpeza de automóveis, e ligações irregulares (de esgoto). É uma água muito misturada. É essa poluição do ser humano que a gente vai tentar evitar que chegue direto na praia na parte rasa, além de transportá-la e tratá-la — afirma o engenheiro químico da Casan e um dos responsáveis pelo projeto, Alexandre Trevisan.

Ligações irregulares

Uma das principais causas da poluição da Baía Norte é a ligação irregular de esgoto diretamente na rede de drenagem, que, atualmente, não têm nenhum tipo de tratamento. O projeto de despoluição da orla da Beira-Mar Norte visa interceptar essa água misturada ao esgoto e tratá-la antes de despejá-la no mar.

— O objetivo desse projeto é fazer com que esse despejo irregular que não seja tratado só na fiscalização. O projeto não substitui a fiscalização, porque as pessoas precisam ligar o esgoto às redes corretamente. Agora, ainda existe esse água poluída que persiste na drenagem, então é isso que o projeto vai tratar — comenta Trevisan.

O prefeito Gean Loureiro afirma que está atento às ligações irregulares de esgoto e que irá remodelar o programa “Se Liga na Rede”, que visa a regularização das residências, hóteis e comércios que ainda têm práticas ilegais e prejudiciais ao meio ambiente.

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— Acertamos com a Casan e semana que vem vamos assinar um novo modelo do programa “Se Liga na Rede”, que vai permitir estabelecer um financiamento para a regularização com empresas já credenciadas, onde a pessoa autoriza a execução da obra e o desconto sai direto na fatura. É um novo modelo, que busca dar mais efetividade. Entretanto, sabemos que isso vai acontecer somente com o decorrer do tempo.