No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff disse que pretende desonerar a cesta básica, o Procon de Joinville divulgou uma pesquisa que prova que o anúncio chega em boa hora. O preço da lista de compras pesquisada pelo órgão – que reúne itens mais baratos de seis supermercados – subiu 17,18% em um ano.

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Em fevereiro de 2012, o kit mais em conta saia por R$ 169,37, mas neste mês custa R$ 198,47. As maiores variações ficaram com os produtos agrícolas e agropecuários. O campeão foi a cebola, que aumentou 102,04% no período. A explicação está no clima.

– As temperaturas ficaram muito altas. A estiagem e as quedas de granizo pioraram a situação, comprometendo cerca de 40% da produção de SC. Toda a região Sul enfrentou os mesmos problemas -, diz Daniel Schmitt, analistas de mercado da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC (Epagri).

Com a safra prejudicada, os produtores são forçados a aumentar o preço. Gastos com a estrutura também influenciam. Um exemplo são os insumos para criação de frangos, que fez com que a ave ficar 85,13% mais cara.

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Imposto

– Precisamos prestar atenção também no caminho que o produto faz até o consumidor final. Há repasse para empresas e setores atacadistas, além dos impostos -, diz Luiz Marcelino, também analista de mercado da Epagri.

A variação de preço da cesta básica chamou a atenção do governo federal e motivou a Dilma a garantir o estudo da desoneração integral do kit dos tributos federais. Ela havia prometido esta medida em 2012, mas só ontem apresentou as ações que estão sendo realizadas.

– Estávamos negociando com os Estados para ver se era possível eles desonerarem também, mas como está muito difícil fazê-lo, agora vamos fazer uma iniciativa só do governo federal -, disse.

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O estudo deverá revisar os itens, pois a lei da cesta básica, que é antiga.

– O conceito de cesta básica está ultrapassado. Vamos revisá-los para que seja possível desonerar integralmente.

Consumidor faz sacrifícios

A alta em boa parte dos produtos básicos faz com que muitos consumidores tenham que fazer sacrifícios na hora de ir ao supermercado. Depois que o preço de alguns produtos de hortifrúti começaram a aumentar, o vendedor Carlos Jacob tem chegado em casa com notícias não tão boas para a família, como “essa semana não tem fruta”.

– Alguns preços estão astronômicos. A gente vai compensando do jeito que dá. Em frutarias, os preços costumam ser mais baixos e optamos por estes estabelecimentos quando há tempo de fazer compras nestes locais -, explica o vendedor.

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Para economizar o máximo possível, a professora Iolanda Helena Gazaniga também fica de olho nas promoções.

– Além de compensar no preço de outros produtos, dá para aproveitar oportunidades promocionais para levar em mais quantidade e economizar nas próximas compras.

Como os itens voltados à atividade agrícola são praticamente obrigatórios na mesa dos brasileiros, não tem como fugir de não levá-los para casa. Para evitar cair no perigo de fazer uma dieta menos saudável por causa dos preços salgados, Jacob faz pesquisa.

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– O segredo é tirar um tempo para olhar o preço de tudo, fazer pesquisa. Vamos substituindo os itens para que no fim da conta tudo se encaixe no orçamento -, sugere o vendedor.