O desmatamento da Mata Atlântica em Santa Catarina desacelerou de 2022 para 2023. De janeiro a agosto deste ano, foram 600 hectares de vegetação desmatados, segundo a fundação SOS Mata Atlântica, que analisa esses dados em todos os Estados nos quais o bioma está presente.
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O número deste ano, apesar de expressivo, é menor que o registrado no mesmo período de 2022, quando foram 1.816 hectares desmatados. Isso não significa que a área desmatada diminuiu, mas que o ritmo do desmatamento desacelerou.
A redução equivale a 66% de 2022 para 2023, o número mais expressivo entre os Estados do bioma, ao lado do Paraná, que teve redução de 64% (de 2.763 para 992 hectares desflorestados).
O relatório leva em conta apenas os limites do bioma Mata Atlântica estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, que considera somente os limites geográficos contínuos. Em toda a área, a diminuição foi de 59%.
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Se for considerada, porém, a área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, que inclui encraves na Caatinga e no Cerrado, e há somente dados parciais do sistema de alertas, a diminuição foi significativamente menor: 26% em todos os Estados.
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— Grande parte desse decréscimo se deu em áreas maiores, especialmente aquelas acima de 15 hectares, o que evidencia que o aumento da fiscalização ambiental e as restrições de crédito financeiro para propriedades com desmatamentos não autorizados — diz o diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, Fernando Guedes Pinto.
Mesmo com a diminuição, para Guedes Pinto, o resultado está longe de ser satisfatório.
— Estamos muito longe de fazer a nossa parte de cumprir o Acordo de Paris e do compromisso voluntário do Brasil de alcançar o desmatamento zero em todos os biomas até 2030. Além disso, estamos na Década da Restauração de Ecossistemas da ONU, e a Mata Atlântica foi escolhida como área de destaque ou bandeira para o mundo. Então, mais do que interromper o desmatamento, é fundamental fazer da restauração de florestas uma prioridade. Nesse sentido, a Mata Atlântica pode ser um exemplo para o mundo, combatendo as crises ambientais e climáticas, além de garantir água, alimentos, saúde e bem-estar nas cidades.
Ações de preservação em SC
Para o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), o dado reflete ações de combate ao desmate no Estado, a fiscalização preventiva e repressiva, além do investimento em estratégias com alta tecnologia.
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— Estamos colhendo os frutos de um trabalho intenso de ações preventivas e repressivas, que envolvem utilização de tecnologias avançadas de fiscalização e ações conjuntas com demais órgãos e instituições para combater de forma efetiva os crimes de desmatamento ilegal no Estado — analisa a presidente do IMA, Sheila Meirelles.
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Segundo o órgão, Santa Catarina conta com o Sistema Integrado de Monitoramento e Alertas de Desmatamento (SIMAD), desenvolvido por técnicos do IMA, que auxilia na fiscalização ambiental. Este sistema usa imagens de satélite e compara o mesmo local em diferentes períodos, para acompanhar o histórico da vegetação. Se ela diminui, por exemplo, o próprio sistema verifica se há autorização para isto ou se o corte foi clandestino.
São avaliados mosaicos de até 4,7 centímetros de resolução espacial disponibilizados pelo programa NICFI, em parceria com o governo da Noruega. Essa avaliação é periódica.
O alerta é gerado por meio de programas computacionais de código aberto e, portanto, sem custos. São analisados se houve autorização para supressão, incluindo informações de responsabilidade do IMA e as disponibilizadas pelo Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de outras informações da área, como histórico de uso do solo, informações do Cadastro Ambiental Rural, entre outros.
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Este é o único sistema que automaticamente cruza dados de licenciamento, autos de infração, Cadastro Ambiental Rural (CAR) e espaços territoriais especialmente protegidos (APP, Reserva Legal, unidades de conservação).
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